quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Viagem à Terra Santa em 2014 - 8. 27 de Abril. Em Jerusalém. 8.2.

8.2. Gethzemani

 Mal saímos da Igreja do Túmulo de Maria fomos logo encaminhados para a Gruta do Getzemani que quer dizer, segundo a origem hebraica, lagar de azeite. Isto significa que, em tempos muito remotos, o local fez parte de uma propriedade agrícola. No recanto que, no uso atual, fica no lado oposto ao do altar, há ainda uma cisterna para reserva de água que terá sido construída no tempo em que o local, provavelmente, integrava a propriedade agrícola.



 
 


 
Por esta claraboia entra uma luz discreta na Gruta.

Também se desce para a gruta por umas escadas de pedra, mas não tantas e tão largas como as do Túmulo de Maria. São apenas alguns os degraus e mais curtos, ao ponto de não podermos falar de uma escadaria.

Foi para nesta gruta que Jesus se recolheu no início da noite do seu martírio. E foi nesta gruta que se consumou a traição de judas. Sou eu aquele que procurais, disse então Jesus. 


Nós sentámo-nos para assistir à missa que iria ser celebrada pelo nosso bom P. Artur. Alguns dos nossos companheiros fizeram um breve ensaio dos cânticos.

 Um frade franciscano que zelava pela custódia do local encaminhou o P. Artur para o recanto da gruta onde se encontram guardados os paramentos e deu-lhe as indicações convenientes. Depois dirigiu-se ao altar e acendeu as duas velas.




Algumas das nossas companheiras tinham colocado em cima do altar pequenos embrulhos com as recordações que haviam adquirido para que fossem benzidas no final da missa. Também lá estava o Menino Jesus, o nosso 36.o companheiro de que já falei em apontamentos anteriores. O frade franciscano retirou todos os embrulhinhos de cima do altar e colocou-os no chão em frente. Ainda pegou no Menino Jesus, levou-o até meio caminho do chão, mas olhou para ele e arrependeu-se. Entendeu que o Menino Jesus devia ficar no lugar que é tão dele, o altar.


 A  missa nestes lugares santos provoca-nos sempre emoções, pois é propícia a momentos de reflexão onde nos invade o sentimentalismo. Eu recordo agora que naquele momento senti que era um grande privilégio poder estar ali e interroguei-me sobre o que é que eu tinha feito de extraordinário para o merecer.



Em certo momento os meus olhos fixaram atentamente a pintura, atribuída a Umberto Noni, que está na parede por detrás do altar, em que é representado Cristo a orar com os discípulos à volta. E, talvez, por virtude do ambiente emotivo que me afetava, pude imaginar que as figuras  ganhavam vida e pareceu-me estar no ambiente que era representado nessa pintura.



No teto e nas paredes da gruta há muitos sinais deixados por artistas e peregrinos que ali estiveram. Pequenas marcas, quase sempre cruzinhas, ou desenhos e pinturas feitas provavelmente na época bizantina. Há uma inscrição em latim, que parece ter sido avivada há não muito pouco tempo: Sustinete hic et vigilate Mecum. Ficai aqui e ficai vigilantes. E é sabido o que aconteceu. Os discípulos adormeceram.


 Apesar de o local estar ligado a um dos momentos mais dramáticos da vida de Cristo, senti ali uma tranquilidade enorme e uma bem quente serenidade espiritual. A partir dali, Gethsemani passou a significar para mim tranquilidade.

Durante a missa houve o momento alto em que pudemos colocar no altar, de viva voz, as nossas intenções. Este momento teve o significado especial, diria mesmo comovente. Isto porque porque pude ouvir que, por detrás das palavras e da emoção com que eram proferidas, havia histórias ímpares e situações que a partir delas podiam ser imaginadas.

Este local, como outros lugares santos, sofreu as investidas das várias gerações, que por razões diversas, passaram pela Terra Santa. Mas tem a vantagem, sobre outros, de não ter sido alterado significativamente.

Ao contrário do que aconteceu com outros lugares santos, não foi construída, sobre esta gruta, nenhuma igreja. No entanto, ela própria é suficientemente ampla, com cerca de cento e noventa metros quadrados, dezanove por dez, para abrigar um grupo de quarenta a cinquenta pessoas que podem assistir à missa sentadas.

Há referências à disputa acérrima que a igreja ortodoxa russa, que detém o Túmulo de Maria situado no espaço contíguo e que visitámos antes de entrarmos no Gethzemani, fez sobre este local. E fez o mesmo em relação a outros locais. Contudo, a Custódia Franciscana dos Lugares Santos tem conseguido resistir.

Ainda bem que as relações hoje são mais pacíficas, porque assim pudemos circular por ambas as zonas de domínio sem problemas.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Viagem à Terra Santa em 2014 - 8. Em 27 de Abril. Em Jerusalém. 8.1.

8.1. O túmulo de Maria

Era o nosso primeiro dia em Jerusalém.

Que alegria quando me disseram vamos para a casa do Senhor. Os nossos passos se detêm às tuas portas Jerusalém.

Há uma canção que tem uma letra assim.

Acordámos no Hotel Olive Tree que fica às portas da cidade. Este Hotel fica muito bem situado no que respeita às facilidades de acesso e à distância do centro da cidade e dos lugares santos em geral. É um hotel de quatro estrelas e os quartos e serviços são em geral muito bons. Tem a particularidade, para nós muito útil, de ter Wi-fi livre no lobby e restaurante. Hoje esta facilidade é importante por nos permitir comunicar facilmente e sem custos com os nossos familiares e amigos e, ainda, mantermo-nos atualizados em relação às notícias do nosso país e do mundo.

Vimos na informação relativa ao hotel que este foi construído no local onde se encontrava uma oliveira milenária, à sombra da qual muitos peregrinos costumavam repousar. Mais se diz que o próprio rei David tocou harpa à sombra dessa oliveira, permanecendo ainda hoje os sons audíveis no lobby e noutras partes do hotel.

Seja como for a nossa estadia lá foi agradável, permitindo-nos um ambiente adequado para o nosso repouso diário do cansativo trabalho de turista.

O dia 27 de abril de 2014 começou, para nós, relativamente cedo.  O programa iria ser intenso.

Começou pelo Monte das Oliveiras onde se desenrolaram passos muito importantes da paixão de Cristo.

Curiosamente o primeiro lugar santo que visitámos na base do Monte das Oliveiras não está relacionado com a paixão de Cristo, mas sim com a morte da Virgem Maria. Entre a muralha a nascente da cidade e o Monte das Oliveiras há um vale que se estende ao longo de toda a muralha, continuando ainda, bastante fundo, depois de a muralha mudar a sua direção para poente. Na parte mais a norte desse vale passa-se por uma espécie de ponte, vendo-se uma estrutura montada em anfiteatro, tendo o nosso guia Sebastião informado que, naquele anfiteatro, atuara, ainda não havia muito tempo, Roberto Carlos. Este anfiteatro fica do lado esquerdo da estrada de quem vai da cidade. E, mesmo ao lado, desce-se por uma escadaria para um pátio empedrado, com aspeto antigo, onde damos de frente com a fachada principal de uma igreja e vemos, no lado direito, a entrada para aquilo que parece ser um corredor escuro ou uma gruta onde está gravada a palavra GETHSEMANI.

O nosso objetivo era irmos primeiro à igreja a que chamam do Túmulo de Maria.  Pareceu-me estranha esta referência porque sempre ouvi dizer que a Virgem Maria, como muitos dos primeiros cristãos, preferiram, a partir de certo momento, o exílio para se protegerem das perseguições. Maria terá passado os últimos anos da sua vida acarinhada por João Evangelista numa casa em Éfeso, quase numa encosta sobranceira à antiga cidade, e aí terá morrido  e  terá sido  sepultada por volta do ano quarenta e oito da nossa era. Já posteriormente a tradição gerou a crença de que  o corpo de Maria não passou pela corrupção e que foi logo ressuscitada e levada para o céu em corpo e alma. Isto em 15 de Agosto do mencionado ano de quarenta e oito. Mais tarde, esta questão, mereceu definição dogmática do poder papal, e hoje os católicos devem aceitar a Assunção de Nossa Senhora como dogma de fé. Se a Assunção se passou em Éfeso, qual a razão deste túmulo em Jerusalém?  E mais. Para além deste túmulo há também junto ao local do cenáculo uma igreja com uma imagem jacente da Virgem Maria a que chamam a Igreja da Dormição. Dela darei nota mais à frente, em apontamento próprio.
 

 
Entrámos na igreja e descemos uma grande escadaria que parecia querer chegar às entranhas da terra.
 
 
 
Lá no fundo há um espaço com uma zona reservada no meio à volta da qual circulámos e vemos um túmulo vazio.
 
 
 
Há um altar ao lado. Há muitos quadros nas paredes e muitos turíbulos dependurados, incluindo pela escadaria abaixo.
 
 
 
Em resumo o local tem um aspeto de uma ampla gruta muito já no interior da terra com uma decoração de aspeto muito antigo à maneira ortodoxa e bizantina. Gostei de ver o local que é venerado por muita gente, nas não senti qualquer indução interior que me levasse a acreditar que alguma vez ali tenha estado Maria, mãe de Cristo. Li numa nota dum site da net o relato de uma espécie de vidente do fim do século XIX, que diz que este túmulo foi preparado para Maria, cerca de dois anos antes de ela morrer em Éfeso. Isto porque foi de visita a Jerusalém para rever amigos e discípulos de Cristo. Lá esteve às portas da morte. Essa situação levou os discípulos a prepararem este túmulo para a sepultarem com toda a dignidade. Mas depois ela recuperou e voltou a Éfeso. A viagem era feita de barco a partir de Jafna, localidade próxima de Jerusalém, e demorava cerca de três horas.

Subimos a escadaria de volta e aproveitámos para ver e fotografar a igreja, detendo-nos ali por uns breves instantes.

 
Logo a seguir o guia Sebastião conduziu-nos para a tal entrada onde estava escrita a palavra GETHZEMANI.  

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Viagem à Terra Santa em 2014 - 7. Em 26 de Abril. Para Jerusalém. 7.7.

7.7. O lanche de melancia

Depois de sairmos de Jifna retomámos o caminho na direção de Jerusalém. Como Jifna fica a norte de Ramallah uns dez quilómetros, significa que iríamos passar novamente por esta cidade, se bem que não pelas ruas centrais.

De Jifna a Jerusalém são cerca de 30 quilómetros o que fazia prever que iríamos chegar ao destino ainda com muito sol. Mesmo fazendo uma pequena paragem para saborearmos as melancias da Palestina que o nosso guia e o condutor haviam comprado para nos presentear. Como estava muito calor iria saber bem comer uma boa talhada. O nosso guia também estava entusiasmado com a ideia e, provavelmente, já tinha algum local em mente. Mas o que ele não suspeitava é que o nosso lanche de melancia iria ter lugar numa esquadra da polícia de Israel.

A viagem estava a ser calma e serena.
 
 
O autocarro rodava por uma estrada bastante larga. Alguns companheiros dormitavam enquanto outros iam olhando descontraídos para a paisagem.

Num dado momento, quando o autocarro descia uma colina ligeiramente inclinada, ouvimos um grande estrondo no lado direito.
 
 
Todos demos um pulo de surpresa e susto nos nossos assentos, receosos e curiosos por saber o que teria acontecido. Os companheiros do lado da frente direita do autocarro levantaram-se num ápice e chamaram a atenção para o vidro da janela lateral direita que se tinha partido. Um dos companheiros disse que tinha visto na encosta da serra dois garotos furtivos que lançaram uma pedrada contra o autocarro com uma funda.

O Itam, o nosso condutor, abrandou a marcha lentamente e encostou mais à frente. Saiu calmamente para ver o que se tinha passado.
  
O vidro da primeira janela panorâmica da frente do lado direito estava estilhaçado.
 
 
 
Estávamos junto a um entroncamento em que há uma saída para uma estrada secundária que passará numa pequena povoação que aparecia na encosta da colina, muito perto do local de onde os garotos terão lançado a pedra. O Itam, fora do autocarro, telefonava para reportar o incidente à sua empresa e para obter orientações sobre o que deveria fazer. 
 
Tinham passado poucos minutos e apareceu um jipe militar que, após se inteirar do acontecido, partiu em grande velocidade pela dita estrada secundária.
 
Ainda estivemos ali algum tempo, parados e a conversar dentro do autocarro, tentando adivinhar as razões do incidente. Pudemos então verificar que as janelas do autocarro têm vidro duplo e que só se tinha quebrado o vidro do lado de fora, pelo que o autocarro podia continuar a sua marcha sem risco nem incómodo para os passageiros.

Ainda foi longo este compasso de espera em que o Itam não tirou o telefone da orelha. Entrou finalmente  no autocarro e pô-lo em marcha. O guia esclareceu então que tínhamos de ir ao posto de polícia mais próximo para participar o incidente, formalidade que era necessária, nomeadamente, por imposição da companhia seguradora.

Retomámos a marcha. Alguns quilómetros à frente, o Itam virou para a esquerda, para um conjunto de edifícios que estavam no cimo do monte. Pelos procedimentos de segurança e controlo para entrar, concluímos que era o tal posto de polícia, mas, verdadeiramente, parecia mais um grande aquartelamento militar do que uma esquadra policial.
 

Tinha uma amplo parque de estacionamento e o Itam pôde estacionar o autocarro à vontade, já perto de uma entrada para o edifício principal, junto ao limite do parque, com uma larga vista sobre toda a paisagem circundante. E foi aí que fizemos o nosso piquenique, comendo umas boas talhadas de melancia  que estavam relativamente frescas.
 
 
O Itam, coitado, lá foi com a sua carteirinha de documentos na mão para o interior do edifício, onde iria demorar muito, muito tempo.

Nós acabámos o lanche e ficámos por ali a conversar em grupos ou a fazer pequenos passeios individuais para respirar o ar puro que vinha das montanhas em redor e para ver o pôr-do-sol que se estava a aproximar. Outros companheiros, poucos, optaram por regressar ao autocarro e fechar os olhos em relaxe.

Como já tinha passado muito tempo desde a hora do almoço, e ainda mais com os efeitos da melancia, verdadeira água diurética, senti urgência em ir à casa de banho, pelo que me atrevi a seguir as pegadas do Itam até encontrar alguém. Entrei no pátio do edifício e vi dois homens vestidos à civil junto a uma porta iluminada. Perguntei-lhes em inglês se haveria por ali uma casa de banho. Eles responderam-me num inglês impecável, perguntando de onde eu era e a razão da minha estadia ali. E logo me conduziram ao interior da esquadra onde havia uma sala de trabalho no lado esquerdo, com alguns polícias fardados a olhar para ecrãs de computadores. No lado direito havia um gabinete fechado com porta de vidro, onde estava um agente sentado a uma secretária e, numa cadeira em frente, estava o Itam, com os cotovelos apoiados no tampo, lendo uma folha de papel.

Os agentes indicaram-me a casa de banho. Quando saí reparei que o Itam ainda estava a ler a folha de papel, mas prossegui pensando que já não demoraria muito tempo, pois não tardaria a assiná-la. Já estava a escurecer e toda a gente estava já dentro do autocarro. O bom P. Artur ia falando e contando histórias, no seu papel de, numa situação destas, encher chouriços para contrariar a ansiedade das pessoas.

O Itam acabou finalmente por regressar e antes de ligar o motor do autocarro trocou algumas palavras com o guia e com o P. Artur, que, logo a seguir, usando o microfone, informou que a polícia já tinha identificado os miúdos, que estes eram judeus e que muito provavelmente os respectivos pais iriam ser obrigados a pagar os prejuízos. Aqui comecei a ficar com pena dos garotos porque me pus a especular sobre a dureza dos corretivos que iriam receber dos pais.

Nós, no incidente, tivemos sorte e os garotos também. Pior teria sido se tivessem atingido o autocarro de frente, ou cabeça de alguma pessoa. Foi com um tiro de funda que o pequeno David atirou por terra o gigantão do Golias.


Chegámos finalmente a Jerusalém já muito em cima da hora de jantar.

Finalmente o hotel à vista em Jerusalém.

O nosso guia na Palestina, Denisson, despediu-se de nós com palavras calorosas e lágrimas nos olhos. Que tenha muita sorte no seu trabalho pois esforçou-se para a merecer.

O check-in no Hotel Olive Tree foi rápido porque já estavam com tudo preparado à nossa espera. A recomendação foi que fôssemos rapidinhos para ainda podermos jantar. E assim fizemos.

O jantar servido em bufet estava bem ao nível da categoria do hotel, um quatro estrelas. Pude acompnanhá-lo com um bom vinho tinto local, um Barkan, 2012.

Jamais me esquecerei do dia 26 de Abril de 2014, por tudo aquilo que me foi dado viver e conhecer.

domingo, 17 de agosto de 2014

Viagem à Terra Santa em 2014 - Em 26 de Abril. Para Jerusalém. 7.6.

7.6. Jifna

Jifna é uma aldeia maioritariamente cristã, desde o século VI,  no seio da nação Palestiniana. Agora com cerca de dois mil habitantes, tem resistido através dos séculos às dificuldades do dia a dia, convivendo no seio de uma nação de cultura muçulmana.

A população é oitenta por cento cristã e vinte por cento muçulmana. Muitos dos muçulmanos são refugiados que vêm de outros pontos da Terra Santa para ali encontrarem um refúgio.

Os habitantes dedicam-se à agricultura e ao pequeno comércio.

 O P. Artur, que organizou o programa da viagem, incluiu esta terra no roteiro por ter caraterísticas próprias que justificam a visita. Verdadeiramente, Jifna é um caso de estudo que muito nos surpreendeu pelas parecenças que aí encontrámos com as nossas aldeias do interior de Portugal.  Para ser franco, houve  momentos em que me sentia no ambiente da minha terra Natal, nomeadamente nos cantinhos com a sombra fresca  das oliveiras milenares, alperceiros e  nogueiras.

 


Há mesmo na primavera de cada ano o festival do alperce, indo muita gente de fora para colaborar na apanha desse fruto.

O caminho até  lá não teve sobressaltos, a não ser as dificuldades que havia quando nos cruzávamos com outro autocarro ou com algum camião. A passagem era feita com muito cuidado, por vezes com distâncias milimétricas entre os dois veículos.



 Mas chegámos lá e o primeiro ponto de abordagem foi uma igreja que tinha em cada lado da porta de entrada, dois pequenos cemitérios com símbolos cristãos.
 
 
 
 
O nosso guia estava convencido de que alguém estaria nessa igreja à nossa espera. Mas estava tudo fechado. Ele nem quis acreditar e saiu pela rua fora para ir falar não sei com quem. Algum tempo depois voltou a dizer que, afinal, a igreja que estava aberta era outra já mais para o outro lado da povoação.
 

Esta, onde estávamos, é a igreja ortodoxa construída no fim do século XIX e a que estava aberta para nos receber era a Igreja de S. José erguida junto às ruínas de uma velhíssima igreja de S. Jorge.
 
 
 

E lá fomos nós em cortejo atrás dele. Subimos uma pequena ladeira e já víamos a Igreja de S. José onde estava um padre à nossa espera.
 


Recebeu-nos com entusiasmo. Mostrou-nos a igreja.
 
 
 
 
 
Lá dentro havia duas religiosas concentradas em oração. Mas quando nos viram como que acordaram e sorriram. Tiraram fotografais com alguns de nós.

 
 

O Padre por seu lado, pôs os sinos a repicar e, a seguir, os altifalantes da torre começaram a passar cânticos religiosos que, pelo volume do som, ecoariam pelos montes e vales à volta.

O Padre, falando em inglês, deu-nos a ideia do que é   a sua vida e o seu trabalho naquela terra, no que respeita à atividade religiosa, a educação dos jovens e à assistência social. A igreja gere um infantário e uma escola primária muito frequentados pela população local. Por seu lado, o nosso guia tentou explicar-nos a história da localidade que incluiu investidas de cruzados, que deixaram um mini castelo agora em ruínas. Há muitos vestígios da presença bizantina e do domínio árabe. No passado era um ponto importante para apoio dos viajantes que iam de Nazaré para Jerusalém.   Há lá um carvalho milenar junto do qual é celebrada a festa da Sagrada Família, por se acreditar que, segundo a tradição, a Sagrada Família descansou à sua sombra quando fugiu para o Egito e sempre que ia de Nazaré a Jerusalém.

Há também lá uma outra crença interessante. Quando uma certa fonte, que existe desde tempos imemoriais, seca, o Padre vai lá fazer uma cerimónia, que inclui obrigatoriamente queima de incenso, para a fonte rejuvenescer.

Gostei de ver o entusiasmo do Padre e fiquei muito sensibilizado com a sua simpatia.
 
Um salão de barbeiro/cabeleireiro