Houve alguma tolerância em relação à hora de acordar. A saída estava prevista para as 9:45.
Ao abrir as cortinas da janela de um piso elevado do Grand Beach Hotel de Tel Aviv e ao dar com uma paisagem iluminada por um sol que não retirava à natureza as cores da manhã, fui invadido pela agradável sensação de estar num país bonito e seguro, o que foi um bom começo para a nossa estadia na Terra Santa.
A sala do hotel para o pequeno-almoço, no segundo andar e ao longo de quase toda a fachada da frente, é ampla e o serviço de bufet muito variado. Contudo, faltavam muitas das coisas da nossa preferência ocidental. Mas como havia muito para escolher, não foi difícil organizar os pratos com o que víamos mais adequado para nós.
Após o pequeno-almoço ainda houve um compasso de espera até à chegada do autocarro, que nós aproveitámos para ir a uma loja de conveniência comprar alguns artigos úteis, nomeadamente água. Ao pagar não recebiam moeda estrangeira mas apenas a moeda local, o shequel. Contudo aceitaram facilmente o pagamento com o cartão de crédito Visa. Em toda a restante viagem usámos facilmente os euros em pagamento, sendo que, por vezes, nos faziam o troco em shequels.
Desde o começo do domínio romano foram frequentes as revoltas, tendo quase sempre os revoltosos a mesma sorte: morte por crucificação. Josefo chegou a ir a Roma como embaixador no ano sessenta e quatro, onde conseguiu a simpatia da mulher do imperador Nero, Pompeia Sabrina, que o ajudou na libertação de alguns sacerdotes judeus que aí se encontravam prisioneiros. Em sessenta e sete, já na Galileia, de que chegou a ser temporariamente governador, tomou ele próprio parte numa rebelião, na cidade de Jotapata, enfrentando os romanos, superiormente comandados por Tito, filho do imperador Vespasiano. Ao ver-se derrotado, Josefo, que então se chamava Yosef Ben Mattityahu, escondeu-se com mais quarenta homens numa cisterna. Foram descobertos e os romanos tentaram que se rendessem em troca das próprias vidas. Eles preferiram o suicídio coletivo, mantando-se em grupos de três. Josefo e um seu soldado eram os últimos e um devia matar o outro e a seguir suicidar-se. Pensando melhor preferiram entregar-se. Ao ser presente ao comandante superior das tropas, Tito, Josefo proferiu algumas palavras certas no momento certo, saudando-o como futuro imperador de Roma, o que mais tarde veio acontecer. Foi levado para Roma e passou a gozar da proteção imperial. Feito cidadão romano, Josefo deixou um valioso contributo para a história. Sem as suas obras, muito do que aconteceu no século primeiro teria sido pura e simplesmente esquecido. Hoje para muitos dos judeus ele continua a ser um traidor. Mas para outros ele é um homem que soube usar a inteligência de modo próprio, tendo dado um importante contributo para o relato histórico, se bem que, dando quase sempre a perspetiva do poder romano.
Os cinquenta e dois quilómetros que separam o Grand Beach Hotel de Tel Aviv de Cesareia foram percorridos em cerca de quarenta e cinco minutos, ouvindo esta história e outras, nomeadamente sobre a organização social, agricultura, a água, bem muito precioso em Israel. Falou da sua captação em terras longínquas, o seu uso e cuidadoso aproveitamento das águas residuais e o processo de dessalinização da água do mar.
Cesareia impressionou-nos pela sua história e pelo excelente trabalho de recuperação arqueológica que pôs à vista a sua monumentalidade.
Dela falarei no próximo apontamento.
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