quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Panamá 2011 - Um saboroso ceviche servido na praia

A manhã do dia 9 apareceu com a luz e as habituais cores deslumbrantes do mar e ilhas  de San Blas.

Já fazia parte da nosso desejo de gulodice o pão quentinho que o Chico nos serviu na manhã anterior. Era de facto saboroso.

Diz o guia Panamá Exlorer que Cristóvão Colombo andou por estas ilhas na sua segunda viagem à América e que ficou de tal modo encantado com a transparência das águas que, ao regressar a Espanha, a referiu várias vezes ao Rei como sendo uma das maravilhas mais belas que viu durante a sua longa viagem. E com razão. Vejam só esta fotografia.


Um bonito caranguejo que fotografei nas águas transparentes

Após o pequeno almoço ele perscrutou o horizonte  e disse:



- Como está uma brisa favorável vamos velejar mais um bocadinho e vamos mudar para outra ilha.


Era algo que ouvimos com agrado, pois começávamos a ficar convencidos de que já sabíamos velejar ou, pelo menos, a entender como é que a coisa se faz.

Aproximámo-nos a seguir de um grupo de ilhas onde havia vários iates. Uma delas tinha uma cabana de um família de kunas que aí vivia e que, ao fim da tarde, usava fazer um passeio pelos iates ali estacionados, estabelecendo, por vezes, contacto com os ocupantes que lhes ofereciam qualquer coisa. Segundo o nosso anfitrião, eles apreciavam sobretudo revistas estrangeiras com imagens, rebuçados e, claro, álcool, de preferência rum ou vodka.


A família de kunas observa os nossos mergulhos. Faz-se transportar numa canoa monobloco, feita a partir de um único tronco de árvore.

Depois de fundearmos, fomos para uma das ilhas, que, desta vez, era um pouco maior que as outras.


O aspecto do interior da ilha

Entre os barcos ali estacionados, havia um que nos chamou particularmente a atenção. Tinha o nome de STAHLRATTE BREMEN. Segundo o nosso anfitrião trata-de de um barco alemão construído nos anos vinte e que já está naquele local há cerca de dez anos. Pertence a um clube privado alemão a que os sócios pagam vinte e cinco euros mensais com direito a virem, de quando em quando, a passar uma temporada de férias neste local. Faz sentido esta solução, pois em San Blas os alojamentos são escassos e os poucos existentes são geridos por locais e de fraca qualidade. Todas as tentativas das grandes cadeias internacionais têm sido recusadas.


O barco alemão, vendo-se ao fundo os destroços do navio encalhado

A ilha é atravessada por uma vereda. Tem no meio um pequeno poço com água doce a que os marinheiros recorrem quando o sistema de dessalinização  se avaria ou há consumos em excesso. O Chico disse-nos que as raízes dos coqueiros e a própria areia actuam como filtros.

Os habitantes do navio alemão usam atravessar a ilha seguindo por essa vereda para irem praticar nudismo no outro lado da ilha, por sinal o mais paradisíaco.

No meio da ilha há um espaço reservado a piqueniques. E foi para lá que o Chico nos conduziu no começo da tarde para nos dar o almoço. Serviu então um ceviche em molho de coco e arroz que estava uma delícia. Para mais levou bebidas bem fresquinhas que nos deixaram em condições de um nova soneca na parte da tarde.


Uma das três espécies de aves que vimos na ilha. Segundo o Chico, este é um pássaro ladrão, pois aproxima-se dos turistas e leva tudo o que apanha. Chega a levar telemóveis e carteiras com documentos.

Após a soneca, regressámos ao barco para o ritual dos saltos e mergulhos acrobáticos. Durante um dos saltos, vimos que um cardume de lulas que passava junto ao barco se assustou, libertando muitas fitas de tinta preta.

Era suposto passarmos ali a noite. Contudo, como obtivemos a informação da Air Panamá que o voo de regresso seria segundo o horário previsto, seis e meia da manhã, o Chico achou prudente regressarmos já para um local junto ao aeroporto onde estava previsto embarcarmos, ou seja, a pista de Corazón.

O vento estava ameno, mas era o suficiente para empurrar o barco pela serenidade do mar bonançoso.

Ao jantar o Chico serviu-nos duas metades de lagostim a cada um, com batatas cozidas e salada que nos souberam a rico manjar.

Como era o último dia e nos tínhamos de levantar cedo, o Chico invocou que a meia noite dos marinheiros é às vinte e uma e sugeriu-nos que nos recolhêssemos.

Depois de mais uma conversa entusiasmada, acabámos por seguir a sua recomendação.

Talvez por virtude do cansaço ou da ansiedade, ou do à vontade em já sabermos estar no mar, cometemos uma omissão fatal que foi a de não nos termos untado devidamente com um bom repelente de insectos.

Sem comentários: