domingo, 13 de fevereiro de 2011

Panamá 2011 - Na Comarca de Kuna Yala

A Comarca de Kuna Yala é uma reserva de cultura índia no lado atlântico do Panamá. Comarca equivale à nossa Região Autónoma. Os índios kunas são, presentemente, cerca de 80.000 indivíduos, dominam uma vasta faixa da parte continental do país e um vasto número de ilhas do Mar das Caraíbas, cerca de 400, das quais apenas 48 têm alguns habitantes. Têm uma ampla autonomia legislativa e política conquistada através da contestação colectiva, por vezes violenta, sendo que os estrangeiros investidores não são bem vindos às suas terras. Contudo, é possível visitar alguns dos seus santuários, desde que se cumpram regras mínimas essenciais, como seja o respeito pela natureza e pelos seus valores culturais. Em 25 de Fevereiro de 1925, foi reconhecida a sua autonomia, após uma violenta revolução dirigida principalmente contra polícias e estrangeiros. Como resultado dos abusos policiais contra as mulheres, é visível uma franja mestiça de indivíduos que se afastam dos padrões da constituição física dos verdadeiros kunas. Por isso, na revolução de 1925, os polícias foram as principais vítimas. O 25 de Fevereiro é dia feriado na Comarca de Ayala.

Feita esta introdução, continuo o relato da nossa viagem.

Verifiquei que fazia parte da estratégia surpreender a nossa aniversariante com um cruzeiro de três dias no Mar das Caraíbas. Tudo estava preparado. Por isso, duvido que a nossa aniversariante tenha sido verdadeiramente surpreendida. Creio que quem foi realmente surpreendido foi o Dicforte.

Era suposto que o avião saísse logo pelas seis horas da manhã do dia sete. Porém, nos voos internos, os horários são uma mera referência, pois o avião só partirá quando estiver cheio ou quase cheio e não houver outras contingências, como voos charter ou más condições atmosféricas.

A Air Panamá foi simpática ao ponto de avisar ainda na véspera, que o voo não se realizaria antes das nove e meia, o que nos permitiu mais algum repouso das canseiras da viagem do dia anterior, a partir de Lisboa.

O checkin foi feito a tempo para o voo das nove e meia. Contudo, só nos chamaram ao meio dia. Uma vez dado o sinal, foi rápido o embarque. Atrás de nós ia uma mulher kuna com os seus trajes tribais, já idosa. Uma mulher mais nova pediu-nos para a ajudarmos durante a viagem, devido à sua idade.



Os trajes tradicionais das mulheres kunas são coloridos, na base do vermelho, amarelo, verde, azul e branco. Constam de um lenço na cabeça, um piercing no nariz, uma blusa e uma saia e umas caneleiras compostas cada uma de duas peças, ajustadas às canelas das pernas por atilhos.

O avião com dois motores a hélice pareceu-nos bem velhinho. Tinha capacidade para cerca de 20 passageiros e estava quase cheio. Tinha dois pilotos. A duração do voo seria de meia hora e o destino era Corazon de Jesus.

Como o tempo estava bom, pudemos distrair-nos a ver a paisagem que era totalmente verde, com algumas montanhas, enquanto sobrevoámos terra. A partir da orla marítima, ficámos encantados pelas cores do mar, que é em tons de azul, variáveis conforme a profundidade das águas. À volta das muitas ilhas, de formas e tamanhos diferentes, a cor é branca.



Embora o voo fosse relativamente curto, pareceu-nos muito longo devido ao aspecto do avião, ao ruído dos motores, às turbulências que se iam sentindo, sempre mais acentuadas quando se passava uma nuvem.



Ao passar por cima de Corazon de Jesus foi possível tirar uma foto das vistas da povoação. E ainda bem porque, por razões insondáveis, só a conseguimos ver a partir do mar.


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