quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Chegar ao Funchal e sentir um vendaval

Chegámos ao Funchal no passado dia 29 de Dezembro ao começo da tarde. Estava uma ventania muito forte que até nos dificultou a abertura das portas de entrada no Hotel. Já por detrás da vidraça do quarto, pude observar as rajadas fortes da ventania que varriam tudo, agitando os arbustos num rodopio de burburinho. Pude ver um taxista que, mal abriu a porta do carro para ir ajudar uma cliente a sair, ficou sem o boné que foi projectado para longe pelo vento como se fosse um projéctil. E vi algumas pessoas a quererem andar e a não conseguirem sair do mesmo sítio.

E assim pude sentir um vendaval no sentido próprio.

Mas verdadeiramente o que quero deixar aqui registado é outro vendaval que senti, este em sentido figurado.

Eu tinha visitado a Madeira no Verão de 1976 e agora encontrei esta bela Ilha tão mudada, para melhor, como se por lá tivesse passado um muito forte e bom vendaval.

É certo que trinta e quatro anos representam muito tempo. Para a grande maioria das terras, as mudanças nesse período de tempo, até poderão não ter sido muitas. E, em certos casos, as que ocorreram até podem ter sido para pior. Na Madeira não foi assim.

Em 1976, podíamos visitar a Ilha por estradinhas muito estreitas e cheias de curvas, onde a segurança requeria motoristas bem experimentados. Nessa altura, estava ainda em força a propaganda contra os continentais. Havia grafitti a chamar-lhes cubanos e a sentenciar que, para entrarem na Madeira, tinham que ter passaporte válido. Havia a sigla da FLAMA (Frente da Libertação Armada da Madeira) escrita por muitos recantos, aqui e ali acompanhada da bandeira que se dizia ser a da Madeira Independente, muito idêntica à posteriormente adoptada pela Região Autónoma. O Tio Alberto era, na altura, uma pessoa desconhecida. Ou não. Talvez fosse conhecida na clandestinidade.

Estas referências que então observámos não impediram que pudéssemos ter visitado a Ilha livremente. Não sentimos, aliás, qualquer constrangimento. E posso dizer que viemos de lá encantados.

Agora, ao encanto associa-se o espanto pelos importantes melhoramentos encontrados. Não senti o pavor da travagem brusca do avião ao aterrar, pois a pista é muito mais longa. Há extensas vias rápidas com viadutos e túneis.
Via Rápida do Aeroporto para o Funchal

Há teleféricos. Na baixa do Funchal, há muita luz e animação. Apreciei sobretudo as cores e figuras do presépio monumental em frente da Sé. Gostei de visitar a aldeia temática com alguns animais vivos e ver longas bichas de turistas a disputar a característica poncha, licor feito a partir de aguardente de cana. E adorei ver uma banda filarmónica de jovens que, divertidos, tocavam, cantavam e dançavam num palco do passeio marítimo. E, claro, não poderia deixar de mencionar o espectacular fogo-de-artifício da passagem de ano.

Gostei de ir ao Jardim do Tio Alberto. De lá trouxe margem para descontar as afrontas que ele faz aos Silvas continentais. Parabéns para ele. Que Deus lhe dê saúde para continuar a defender e a melhorar a sua terra.

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