segunda-feira, 22 de março de 2010

DINOSSÁURIOS E OURÉM

No sábado, 20 de Março, fomos visitar as pegadas dos dinossáurios da Serra de Aire. Já tinha ouvido falar delas, mas sentia curiosidade em ir vê-las pessoalmente. Assumo, como princípio, que não há relatos nem imagens que nos consigam transmitir, na plenitude, o meio ambiente em que as coisas acontecem.
Após a explicação que nos foi dada por uma das guias do Parque, aqueles sulcos na rocha, que se estendiam à nossa vista em linhas paralelas, começaram a fazer sentido e a impressionar-nos. Não resisti à tentação de pôr o meu pé num desses sulcos onde, há cerca de 175 milhões de anos, um dos maiores seres que já povoaram a terra pôs a sua patorra.

Olhando na perspectiva de um dos vinte trilhos existentes na enorme laje do Parque, dei por mim a imaginar um enorme animal quadrúpede, de trinta metros de comprimento e oito de altura, com um corpo de setenta toneladas, a fazer esse trilho de cerca de cem metros, no que terá demorado mais ou menos dois minutos. Que importante foi esse pequeno período de tempo em que se escreveu um tão valioso documento ainda visível cento e setenta e cinco milhões de anos depois.

Fez também parte do nosso passeio uma visita ao castelo e à cidade velha de Ourém. No alto da colina, esse castelo medieval do século XII proporciona uma impressionante vista panorâmica. Ouvi contar a sua história e algumas das lendas que o rodeiam. Para ser franco, as pedras pareceram-me ainda mais velhas do que as das pegadas dos dinossáurios. E, no entanto, estão ali encasteladas há apenas novecentos anos.
É curioso notar que o brasão do quarto Conde de Ourém, D. Afonso, visível em vários locais do castelo, se encontra encimado por uma orgulhosa águia de asas abertas. Mas, por outro lado, dá-nos pena ver que as águias de todos os brasões que encontrámos foram decapitadas. Nem a do túmulo do Conde, que por ser bastardo, tem o escudo do brasão torto, foi poupada.



Dizem que os carrascos foram os invasores franceses que consideravam que, sendo a águia o símbolo imperial de Napoleão, a mesma não podia ser usada como emblema por mais ninguém.

Assim sendo e usando a lógica silogística, podemos concluir que:

– D. Afonso, o quarto conde de Ourém, um homem do século XV, teve uma excelente visão futurista, ao escolher o símbolo que muito mais tarde viria a ser adoptado pelo melhor clube de futebol português no ano de 2010;

– Se Napoleão ainda governasse e invadisse Portugal todos os benfiquistas assumidos teriam de fugir ou, no mínimo, esconder-se, pois teriam a cabeça a prémio.

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