quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Uma Quinta do Além

A quinta é a dos Loridos e o além é a China.

Na tarde do passado sábado (23-10-2010), num passeio organizado por amigos, era suposto irmos visitar uma quinta do Comendador Berardo onde se produzem e vendem acreditados vinhos. E lá fomos.

Chegamos a um amplo terreiro, mais do que o suficiente para acomodar os autocarros e veículos particulares que ali se encontravam e que eram muitos.


Vista da vinha e do solar

Esperava encontrar vinhas a perder de vista, exibindo as bonitas roupagens de Outono com os seus múltiplos tons de amarelo e verde entreligados por pinceladas de castanho, sob a luz forte do sol quente deste Outono.

O arco de acesso à Alameda dos Budas

No entanto, ao entrar na quinta a minha alma ficou banzada pela bizarra aparição de um enorme arco de arquitectura chinesa, a abrir caminho para uma longa alameda de grandes estátuas de budas, deusas e deuses talhados em pedra maciça.

Alameda dos Budas

E do lado esquerdo, um vasto lago artificial, com águas tranquilas espelhando o céu azul, com um pequeno alpendre no meio ligado à margem por uma ponte, segundo o gosto chinês.

Vista do Lago vigiado por um exército de terracota

A encosta em frente, toda arrelvada, está ladeada por um verdadeiro exército de policromas estátuas, com cerca de uma vez e meia o tamanho natural, imitando o exército imperial chinês em terracota descoberto em Xian, após estar soterrado por séculos.

Vista do Lago e da escadaria para o Buda Reclinado

Uma escadaria eleva-se até uma grande estátua de um Buda reclinado, sendo visíveis mais atrás altas estátuas de deusas em pedra branca e torres de pagodes.

A formatura dos terracotas

À direita da herdade, há um espaço com a área de um campo de futebol todo cheio de mais estátuas em terracota, homens e cavalos, pintados e em formatura.

Dragão de mármore

Íamos nós neste percurso e passou por nós um jipe, em marcha lenta. Vimos que no lugar da frente do lado esquerdo seguia o Comendador Berardo sorrindo amavelmente para as pessoas.

A breve nota que a organizadora do nosso passeio nos facultou é a seguinte:

“A Quinta dos Loridos é um bonito solar, situado na freguesia do Carvalhal, concelho do Bombarral. Outrora, essas terras foram pertença do Mosteiro de Alcobaça, que as doou a João Annes Lourido, em 1430. No século XVI a família Sanches de Baena reconstruiu este solar que é hoje um belo exemplo da nobre arquitectura rural do século XVIII, ostentando o orgulhoso brasão da família Sanches de Baena. A Quinta dos Lóridos é hoje uma unidade hoteleira e uma afamada produtora de vinhos, nomeadamente espumantes. O Jardim Oriental Buddha Eden tem uma área de 35 hectares e um lago artificial e plano para 6.000 toneladas de estátuas.”

Uma enorme estátua de Deusa

Estava habituado a ver estes cenários no oriente, na China ou na Tailândia. Ali, em terras do Bombarral, este cenário exótico e bizarro deixou-me perplexo.

Que pancada terá dado ao Comendador para mandar vir tantas toneladas de pedra e terracota da longínqua China para as implantar ali ao lado de um bonito solar de arquitectura rural do século XVIII?

Na sala que antecede a saída do Parque há, de facto, vinhos de marca, desta e de outras propriedades do Comendador, a preços razoáveis. Acredito que haja muita boa gente que, depois de ver o desenquadrado cenário chinês, se sinta inibido de comprar o quer que seja e muito menos os saborosos vinhos que ali são vendidos.

Mas, provavelmente, haverá muitos mais que, tocados pela confiança e paz da filosofia oriental se sintam compelidos a comprar muito mais vinho, o mais antigo e universal tranquilizante natural.

Vejam o site http://www.buddhaeden.com/

2 comentários:

Mariana Ramos disse...

Também pergunto: O que lhe terá passado pela cabeça?
Embora eu não seja uma profunda conhecedora da cultura chinesa, parece-me que se um mestre de fung shui olhasse para a quinta, ia achar que reinava ali uma grande desarmonia.
Ou estarei enganada e o sr. até fez aquilo de acordo com todos os preceitos da sabedoria milenar chinesa?

Billy disse...

Que coisa bizarríssima! Imaginem agora chegar à China profunda e encontrar um solar português com quinta de vinhos?

Fica a sugestão para algum empresário mais ousado.