terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Num ponto remoto da Ilha da Madeira, a surpreendente Casa das Mudas

Lá longe, na Ponta Oeste da Ilha da Madeira, Concelho da Calheta, onde, há alguns anos atrás, era muito difícil chegar, fomos descobrir agora a surpreendente Casa das Mudas, ou antes o “Centro de Artes Casa da Mudas”. É um museu de alto nível, só possível porque há homens que nunca esquecem a terra onde nasceram. Neste caso, é o Comendador Berardo, o mesmo já mencionado neste Blogue a propósito da exótica Quinta dos Budas.

Graças às modernas vias de comunicação, este interessante museu da Ponta do Oeste madeirense alcança-se em meia hora. Por estar tão integrado na paisagem, pode até acontecer que passemos na estrada e não demos por ele. Mas depois de detectado, ficamos estupefactos por cada passo que damos e cada descoberta que fazemos.


Um portentoso e musculado bronze de Brotero aparece como que a querer sair de uma cratera vulcânica.


À medida que nos aproximamos, somos invadidos por sucessivas sensações pelo aproveitamento que é feito do espaço, pelos quadros artísticos que se vão gravando no nosso cérebro, pelas vistas deslumbrantes que se alcançam e pela fabulosa colecção de arte que vamos descobrindo no interior do Museu. Lá dentro chegamos a perder a noção da localização e somos possuídos pela impressão de que estamos numa galeria de uma grande cidade europeia, como Paris ou Londres. Mas não. Postos os pés firmes em terra, estamos numa longínqua coordenada de um dos mais remotos pontos da Ilha da Madeira.


O projecto do edifício, com cerca de 12.000 m2 de área coberta, é da autoria do arquitecto Paulo David, nomeado para a edição de 2005 do prémio de arquitectura contemporânea Mies van Der Rohe.

É um bom exemplo da descentralização da arte.


No interior do Museu, encontramos uma fabulosa colecção representativa da Art Déco que contribuiu para que a vida da classe média dos anos vinte e trinta do século passado fosse menos monótona e desinteressante.



As inovantes formas de publicidade, a criatividade no desenho de mobiliário e utensílios, a procura de soluções de conforto e das coloridas e artísticas formas de representação das figuras de pessoas e animais, com amplo recurso às civilizações antigas do Mediterrâneo, especialmente a egípcia, são perfeitamente reconhecidas na exposição.



Está de parabéns o Comendador Berardo pelo notável contributo que deu para o desenvolvimento da sua remota terra madeirense.


Quem me dera ter posses como ele para poder fazer algo semelhante pela minha modesta aldeia da Beira Interior, cada vez mais desertificada.


1 comentário:

Billy disse...

Concordo que a Casa das Mudas é um espaço espectacular; só acho é que a entrada a 10 euros é um pouco proibitiva. Imaginando que vai uma família inteira: é todo um orçamento!