Este ano não foi excepção. A igreja do Mosteiro dos foi fechada ao turismo durante mais ou menos uma hora e encheu-se de reformados e famílias. O Grupo Coral dos Empregados do Banco solenizou a missa, sendo de notar o som maravilhoso do novo órgão. Já o tinha ouvido na televisão durante a visita de Bento de XVI à igreja. Mas ao vivo ouvi-o agora e fiquei maravilhado.
O novo órgão dos Jerónimos
Havia muita gente. Quinze filas de oito mesas a dez lugares. Fazendo o desconto a algumas mesas não utilizadas e a um ou outro lugar vazio nas mesas ocupadas, não estarei longe da realidade se disser que havia ali 900 pessoas. Como cada reformado podia levar um acompanhante, estarei perto da verdade se disser que havia ali pelo menos 450 reformados.
O almoço
Tantos reformados, Senhor!
Aqui dei por mim a navegar lá no ponto onde a actual crise começou. Na segunda metade dos anos oitenta, quando as instituições europeias começaram a ser criadas. À medida que o Banco Central Europeu ia ganhando forma e as atribuições do Banco de Portugal iam passando para lá, vinham as circulares com os incentivos à reforma e à pré-reforma. Várias centenas de postos de trabalho foram transferidas para o centro da Europa e por cá começavam a ser constituídas as legiões de reformados. Era o verdadeiro começo da crise. A seguir foram desactivadas as alfândegas terrestres. Reformaram os respectivos funcionários e levaram à falência muitos dos despachantes oficiais. Deram subsídios para arrancar vinhas e fechar estábulos. As quotas da pesca, do leite, dos têxteis originavam a extinção de postos de trabalho. Legiões de desempregados passaram a viver do subsídio de desemprego.
E o que irá acontecer quando já não houver fundo de desemprego para ninguém?
Quem for bruxo que adivinhe. Por mim prefiro desejar ardentemente que a crise passe depressa.
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