domingo, 10 de outubro de 2010

À memória de um Amigo de Macau

No passado dia 4, faleceu, em Macau, o Dr. Henrique Rodrigues de Senna Fernandes. As exéquias decorreram na passada sexta-feira. Ao conhecer a triste notícia do seu falecimento e ao ler, no Jornal Tribuna de Macau, os testemunhos dos amigos Carlos Frota, Embaixador, e Jorge Silva, Jornalista, senti-me imensamente comovido.

Já escrevi neste blogue que Macau é uma das minhas terras que trago no coração. Lá vivi, com felicidade, mais de treze anos e deixei muitos amigos. O Dr. Henrique Senna Fernandes era um deles. Homem sábio, um português dos maiores, fez-me companhia durante muitas horas e ensinou-me a compreender o ponto de entendimento das culturas chinesa e ocidental. Era advogado, mas sobretudo um escritor com sentimento, fiel ao que de melhor pode oferecer a cultura portuguesa. Contava histórias com prazer. Era exagerado nos elogios que a mim, enquanto Presidente do Clube Militar, de que ele era o sócio n.º 29, por vezes, fazia. Contudo, as suas críticas e recriminações, que não as poupava, assumiam a forma de conselhos sábios que dava gosto ouvir.

Dr. Henrique Rodrigues de Senna Fernandes
(Foto do Jornal Tribuna de Macau)

Dos quatro livros que publicou, dois já mereceram a adaptação ao cinema. Neles é constante o encontro dos costumes e culturas portuguesa e chinesa. O primeiro filme, baseado no livro A Trança Feiticeira, foi obra de produtores chineses e teve a participação de Filomena Gonçalves e Ricardo Carriço. O segundo, Amor e Dedinhos de Pé, foi adaptado ao cinema por Luís Filipe Rocha e teve a participação do actor português, Joaquim de Almeida.

Senti, particularmente, o ambiente recriado na Trança Feiticeira pela mística que o autor encontrou no Jardim de S. Francisco, ponto de encontro de amores, mais ou menos discretos, por vezes proibidos.

Eu próprio senti aí essa mística, ao ponto de, em certa altura, ter passado ao papel uns versos, e, por cima deles, ter escrito umas notas de música que deram origem a uma bonita melodia, a que chamei Canção do Jardim de S. Francisco. Entreguei essa canção à Tuna Macaense que a cantou vezes sem conta, acabando por a incluir num disco publicado em 1997, intitulado TiTi Bita de Lilau.

Recordo aqui essa melodia em memória do saudoso amigo Henrique de Senna Fernandes.

Fotos de Macau e canção Jardim de S. Francisco

1 comentário:

Billy disse...

Que homenagem bonita. E tão giro voltar a ouvir esta canção e rever estas fotografias. Que saudades!