segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Ai a seca!... Que nos valha Sant'Ana!!!

Na minha aldeia, a Capinha, existiu, em tempos remotos, uma capela dedicada a Santa Ana, a avó materna de Jesus Cristo. Ficava a cerca de um quilómetro da igreja matriz, num local ainda hoje conhecido por Santana.

Segundo a informação que recebi dos meus pais e avós, essa capela era muito importante para a população local, na medida em que a Santa a que era dedicada desempenhava o papel moderador em todas as necessidades metereológicas dos habitantes, ao ponto de poderem, se a fé fosse suficientemente forte, ter sol na eira e chuva no nabal.

Sempre que havia uma seca prolongada, o povo ia em procissão até à capela e conduzia a imagem até à igreja matriz. Após os dias suficientes para a novena, a chuva aparecia para colmatar as necessidades. E quando havia invernias com períodos longos de chuva, ao ponto de tudo ficar inundado e não deixar fazer nada nos campos, repetia-se a devoção com o pedido adequado, que tinha o esperado sucesso.

A capela foi destruída, talvez na segunda metade do século XIX, e dela não ficou pedra sobre pedra. Não consegui qualquer notícia sobre as razões do seu abandono e destruição.

Há quem aponte determinadas pedras, nomeadamente colunatas, que foram incluídas na construção de um lagar de azeite situado bastante perto do local onde supostamente a capela se encontrava, como tendo a esta pertencido. O lagar está, por sua vez, em ruínas, mas é possível identificar algumas pedras que se distinguem. Observando-as bem, até parece que pertenceram à capela.

No que respeita à antiga imagem da Santa venerada na capela, essa foi preservada religiosamente na Igreja Matriz. É aliás uma imagem muito bonita, onde Santa Ana está com a sua menina ao colo, de livro aberto, como que a querer explicar-lhe o seu destino.


Para debelarmos a seca que nos começa a atormentar, dava jeito podermos ir à Capela de Santana e levar a Santa titular para a Igreja Matriz. Segundo a fé dos antigos, a chuva não tardaria a aparecer.

Bem, pelo sim e pelo não, na passada sexta-feira, 24 de Fevereiro de 2012, a missa paroquial da Igreja da Capinha foi em honra de Santa Ana. Foi encomendada pelo Povo para… pedir chuva.

3 comentários:

Mariana Ramos disse...

No Alentejo também há localidades que realizam cerimónias semelhantes para chamar a chuva. Até já me sinto com vontade de participar numa coisa dessas, tal é a necessidade de chuva!

Maria Augusta disse...

Como eu gostei da descrição que fez.Querem lá ver que o meu bairro ainda vai ser local de romagem!
O gosto que estas conversetas haveriam de dar à avó Chica e outros.

Billy disse...

Desejo muito que parte da chuva que aqui se avizinha (os dias já são cinzentos, outra vez) vá para aí para essas latitude e longitude, para ver se os campos não morrem de sede já na Primavera.

Para os cépticos (idiotas?) que dizem que as alterações climáticas não existem, aqui vai mais uma prova em anexo.

Beijinhos!