terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Panamá 2011 - A Ilha dos Dois Pelicanos

Tínhamos deixado Corazón e fizemo-nos ao mar para irmos fundear junto de uma das muitas ilhas paradisíacas que se viam no horizonte.



Logo à chegada à ilha escolhida, verificámos que havia dois pelicanos que, de vez em quando, desciam em voo vertiginoso para a água,  faziam um mergulho rápido, e, passados alguns minutos,  regressavam à copa do coqueiro em que se encontravam. Decidimos, por isso, chamar a esta ilha a Ilha dos Dois Pelicanos.

A beleza da água cálida e transparente provocou uma enorme excitação, sobretudo na gente mais nova, que se divertiu a fazer saltos e mergulhos para a água, por vezes com habilidosas piruetas.



No fim dos mergulhos, o nosso anfitrião aproveitou para nos ditar uma segunda regra de bordo:


- É obrigatório tirar o sal com água doce sempre que se regressa do mar para o barco.

Mostrou, para o efeito, uma pequena mangueira que se retirava de um compartimento e que permitia passar a água pelo corpo.

A seguir vieram as recomendações em relação aos cuidados no consumo de água doce que, disse o nosso anfitrião, são um dos principais problemas de qualquer embarcação. O catamaran está equipado com um dispositivo que permite dessalinizar água do mar de modo a obter diariamente cerca de 20 litros de água doce, o que, em princípio deve ser suficiente para a vida a bordo, se o consumo não for descuidado.

Ao jantar o nosso anfitrião serviu frango frito com batata cozida e salada. Como não houve almoço, o apetite era maior.

Como todos os marinheiros, o nosso anfitrião foi-nos contando a suas aventuras.

À noite aproveitámos para ver o maravilhoso céu estrelado. A Estrada de Santiago, com miríades de estrelas cintilantes percorria o céu em arco, do norte ao sul. Por cima de nós, na vertical, estava a brilhante Cassiopeia. O nosso anfitrião tentou ajudar-nos a encontrar a estrela polar, mas sem êxito. Disse-nos que, em certas alturas, a esta latitude de nove graus norte, podemos ver a estrela do norte de um lado e o cruzeiro do sul do outro.

A noite foi suave. Estava com receio de não me habituar às reduzidas dimensões da boxe onde se encontrava a cama. Mas distraí-me a ouvir as ondas a acariciar as quilhas do barco e a respirar a brisa fresca que entrava pela escotilha aberta. E também a ver a Cassiopeia no seu movimento descendente pela Estrada de Santiago, até a perder de vista já junto à linha do horizonte quando a luz da manhã passava uma esponja pelo céu apagando todas as estrelas.



No dia seguinte, fomos surpreendidos ao pequeno almoço com pão fresco feito pelo nosso anfitrião.  Quentinho e barrado com manteiga foi uma delícia. Explicou-nos como o fazia. Pareceu-me ser fácil. Estou tentado a experimentar.

Depois de uma boa conversa, o nosso anfitrião apareceu com o fato de mergulho dizendo:

- Vou à procura do almoço.

Meteu-se no barco de borracha e afastou-se uns cem metros.

Regressou meia hora depois, com três peixes que arranjou de imediato.



Respirando fundo disse no fim:

- Estou a pensar como é que os hei-de servir.

Após alguns instantes disse que íamos mudar para outra ilha e que lá os iria assar em barbecue.

Após algum descanso começou a aparelhar o barco para a partida. Havia uma brisa que se sentia muito bem a sacudir as velas logo que estas foram içadas. Explicou que as velas se levantam e baixam sempre com o barco apontado na direcção do vento.

Levantada a âncora, fizemo-nos ao mar. O nosso anfitrião explicava-nos com gosto todos os pormenores da arte de navegar bem como do uso dos instrumentos de bordo.

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