Foi aí que chegámos por volta da uma da tarde do dia 7 de Fevereiro de 2011.
Esperava ver à nossa espera um panamiano, kuna ou não, de estatura baixa, tronco e membros grossos, quase sem pescoço, tez morena e cabelo muito forte e preto. Por isso, fiquei surpreendido por vir ao nosso encontro um homem branco, com a pele amorenada pelo sol, de óculos escuros e estatura médio-alta que se apresentou como chamando-se Chico. Falava inglês não nativo.
Duas mulheres kunas deixam a pista de aterragem
O Chico cumprimentou-nos a todos delicadamente e ajudou-nos a transportar as bagagens para um pequeno barco de borracha movido a motor, que logo pôs em movimento, antecipando-se, quanto antes, a alguns outros semelhantes que também recolhiam recém chegados.
À nossa esquerda estava o continente panamiano verde e com algumas montanhas. Parecia haver ali o estuário da foz de um rio. Ao lado direito ia-se desenrolando a povoação de Corazon, de casas baixas, na maioria feitas de madeira. Corazon ocupa duas ilhas ligadas por uma ponte.
A certa altura o Chico disse:
- O meu barco é aquele com as cores branca e amarela.
E deu mais velocidade ao motor.
Uma vez chegados, subimos para o barco, um catamaran com as letras CHIC bem visíveis. O Chico ajudou-nos nessa tarefa, bem como a colocar as bagagens dentro do barco. E surgiu de imediato a primeira lei para a nossa estadia.
- É obrigatório andarem descalços dentro do barco. Nada de sapatos, chinelos ou o quer que seja a proteger os pés.
Seguiram-se as boas vindas, uma visita guiada ao barco e a alocação dos espaços onde pernoitaríamos e mais algumas explicações sobre a vida a bordo.
E logo começaram os preparativos para começarmos a movimentar-nos. As velas foram içadas, o motor foi ligado, a âncora foi levantada. Fomos informados sobre os locais do barco onde podíamos estar sentados ou deitados, e, sempre que achava conveniente, o Chico pedia a nossa colaboração e explicava como os instrumentos e equipamentos de bordo funcionavam.
Estava uma tarde de sol quente e húmido com muito boa visibilidade. O barco ia-se movimentando, num ligeiro sobe e desce cadenciado pelo ritmo da brisa a passar nas velas e as ondas baixas a bater nas duas quilhas do catamaran. No horizonte havia várias ilhas. Ao princípio eram pinceladas de verde escuro na linha do horizonte, mas, algumas delas iam ficando cada vez mais perto. O barco seguia com o piloto automático e o Chico ia falando connosco procurando obter informações sobre nós que fazíamos o mesmo.
A certa altura, quando já estávamos relativamente perto de uma pequena ilha com alguns coqueiros, rodeada de areia branca, o Chico disse;
- Hoje vamos ficar aqui.
A água azulada e muito transparente, a brisa morna, a pequena ilha ali tão perto com meia dúzia de coqueiros e rodeada de uma faixa alva, uma ilha maior ao lado e outras mais distantes onde se encontravam em descanso outros barcos de diversas cores, tudo isto era a prova de que estávamos num paraíso das Caraíbas a que chamam San Blas.
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