O último dia de 2012 foi para nós um dia extenso, bem vivido e cansativo. Costumamos dizer, por chalaça, que o trabalho de turista cansa muito. Pode parecer uma vulgaridade jocosa, mas, neste caso, verificou-se efectivamente. Subimos ao vulcão de altitude média do Fogo, demos uma volta à ilha pela estrada que a circunda, fizemos a viagem para a ilha Brava e passámos o ano à procura de um local de divertimento para o passar. E o fim de ano lá se foi sem esperar por nós, deixando-nos aos três a trocar votos e desejos na praça municipal da ilha Brava. A vantagem foi que, como aconteceu em todas as praças municipais onde estivemos, havia rede sem fios e internet livre. Assim pudemos comunicar com a nossa família e alguns amigos espalhados pelo mundo.
Para o passeio pela ilha do Fogo contratámos um taxista, a solução mais conveniente para um grupo de três pessoas. Podíamos ter ajustado logo tudo na antevéspera com o senhor que nos transportou do porto para o hotel Xaguate. Mas não o fizemos porque ele, ao fazer-nos a conta do transporte do porto para o hotel, inflacionou o preço. Daí que tenhamos procurado uma alternativa, o que não nos pareceu difícil, pois, em S. Filipe, há muitos táxis disponíveis. Tínhamos visto num roteiro turístico o nome de um com muito boas referências e arriscámos telefonar-lhe. Estava disponível. Valeu a pena. Benfiquista de coração, vive o futebol português. Nunca veio a Portugal mas tem o sonho de vir a Lisboa para ir, pelo menos uma vez, ao Estádio da Luz.
A subida até ao coração do vulcão faz-se por uma estrada estreita, que, com excepção de um pequeno troço de alcatrão recentemente construído, é empedrado com pequenas pedras pretas, vulcânicas, portanto. Com é normal na subida às montanhas, os ouvidos vão estalando de quando em quando. A paisagem tem recortes por onde a vista e o espírito de espraiam. E sentimo-nos perdidos de enleio quando há sol e o horizonte não tem cortinas. Mas nunca há duas subidas iguais. Nesta subida ao coração do Fogo, impressionou-nos o modo como os homens disputam a terra com o vulcão. As lavas vieram num braseiro pela encosta a baixo já diversas vezes. A última foi em 1995. Tudo é esmagado e submergido por uma extensa, densa e negra massa telúrica. Quando o sol lhe bate em cheio, levanta-se, ainda hoje, um cheiro a queimado que nos seca a vista e a garganta. Mas durante toda a subida encontramos pequenas hortas.
Crianças que vendem pequenas casinhas talhadas em pedra vulcânica.
Pastores e rebanhos de cabras.
Homens e mulheres montados em burros que apalpam o chão pelas veredas sinuosas. Ou simplesmente jericos carregados de molhos de canas de milho ou paus de lenha.
Até que chegámos à base do vulcão. Aí o Sr. Emílio Centeio deu-nos as indicações suficientes. Levem água, chapéu para a cabeça e só têm que seguir o trilho. E regressem pelo mesmo caminho. Espero-vos aqui, daqui a uma hora, ou hora e meia se forem mais devagar.
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