Estávamos cansados da viagem e de, uma vez chegados, ter de
passar por duas filas: uma para mostrar o passaporte a um agente que nos deu um
impresso para preenchermos e depois irmos para a outra, a fila dos vistos.
Todo o serviço dos vistos foi feito manualmente por uma
funcionária simpática, mas sem pressa nenhuma. Sonolenta a meio da madrugada, foi
tratando dos registos no mapa de serviço e nos carimbos aplicados nos nossos
passaportes. Mas no fim foi inteligente e preencheu apenas uma guia de receita
para nós os dois. Ainda começou uma segunda guia, onde tinha de voltar a escrever
nomes e números, mas decidiu retomar a primeira e alterar o valor de 25 para 50
euros. Com isto poupou-nos alguns minutos de espera.
Foi fácil a saída e juntámo-nos à fila dos táxis. Os
taxistas iam recebendo os passageiros pela ordem da fila. E logo que chegou a
nossa vez, o taxista mais próximo recolheu as nossas malas e mandou-nos entrar
para o seu táxi. Prontos para arrancar, passaram alguns minutos de silêncio
expectante. Os taxistas da frente não se mexiam. Começou um alvoroço. Rebentaram
as buzinadelas e os gritos. O nosso taxista também saiu e foi-se juntar aos
outros a praguejar. Os minutos passavam. Havia impropérios e ameaças proferidas
em crioulo. Até que, por fim, vimos chegar dois polícias que se dirigiram à
frente da fila dos táxis.
Então percebemos o que se estava a passar.
Os táxis que recolhem passageiros estão confinados a um
corredor delimitado por grossos pinos de metal. O taxista que estava na frente da
fila não apanhou ninguém, por atrapalhação ou aselhice dele ou dos passageiros,
e decidiu posicionar-se em daqui não
saio, daqui ninguém me tira. Não sei o que teria acontecido se não fosse a
intervenção persuasiva, sem ultrapassar os bons modos, dos polícias. E, depois
de uns minutos de expectativa e reflexão, o senhor taxista da frente lá avançou
uns metros e encostou o seu carro para deixar passar os outros.
Na cidade da Praia há muitos táxis. São amarelinhos, estão
todos identificados com a matrícula e o número da licença. Os taxistas têm a
identificação à vista, apresentam-se bem, são simpáticos e comunicativos e têm os
carros muito bem cuidados. Não há taxímetros. Mas há tabelas obrigatórias. Quem
está a par da existência da tabelas e dos respectivos valores paga o que é
devido e o taxista agradece. Se não sabe da tabela e lhe pergunta o preço, a
resposta pode ser uma inflacionante surpresa.
O taxista que nos transportou para o porto preencheu todos
os requisitos positivos que acima mencionei. Conduziu-nos bem. Comunicou. Foi
simpático. Recebeu o valor da tabela e lá se foi. Taxista feliz.
1 comentário:
Viva o programa taxista feliz! :)
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