A tarde do dia de Ano Novo já ia avançada e nós ainda queríamos ver muita coisa. Deixámos Fajã d’Água pela estrada que a liga à cidade de Nova Sintra, numa distância de cerca de oito quilómetros. Durante a subida de regresso, pudemos admirar os trilhos que os bravenses costumavam seguir no passado para chegarem a outros pontos da ilha a partir do porto de Fajã d’Água. Desde o início do povoamento e até ao fim do século vinte este porto foi a principal porta de entrada na ilha.
A certa altura do percurso que estávamos a seguir, desviámos para a direita por uma estrada tortuosa mas com muitas casas de um lado e do outro. Ligava várias povoações. Nossa Senhora do Monte, Nova Sintra do Monte, Mato Grande, Escovinha, Palhal… O ambiente verde, a tipologia e aspecto das habitações, o relevo do terreno e o próprio traçado das ruas fizeram-nos sentir num cantinho do nosso Minho.
A certa altura o nosso guia, Sr. Tony Vale, parou junto a uma casa para nos dizer que era a sua e chegou a sair para dar um recado a alguém da família. Se não estivéssemos tão pressionados pelo tempo, certamente o Sr. Tony ter-nos-ia convidado para uma bebida e para conhecermos melhor o ambiente da sua vivência familiar.
Como era tarde de dia feriado, as pessoas relaxavam à porta das suas casas a ver quem passava.
Ficámos muito surpreendidos quando o Sr. Tony nos foi mostrar aquela que terá sido a primeira escola primária oficial da ilha Brava e que, pelo orgulho que os bravenses têm na sua história, ainda conserva as armas de Portugal.
Um pouco mais à frente levou-nos a uma festa popular onde pudemos ver os célebres violinos que tínhamos procurado para a passagem de ano novo. Os violinos são homens fardados com calça preta e casaca branca, com boné tipo banda filarmónica, membros de colectividades que organizam festas populares, por vezes animadas por eles próprios como tocadores ou cantadores.
Mal nos aproximámos do ambiente da festa, o Sr. Tony foi logo rodeado por amigos seus a quem nos apresentou. Eles introduziram-nos de imediato no baile e foi inevitável um pezinho de dança, pois a simpática senhora de um dos violinos fez questão de nos convidar e parecia mal não aceitarmos. Também se juntou logo a nós o simpático rapaz que tínhamos conhecido no embarque na ilha do Fogo e que nos ajudou a retirar as malas do porão do Kriola quando chegámos à ilha Brava. Foi pena não termos podido ficar mais tempo naquele ambiente que logo se tornou tão amigável e familiar. É gente muito boa a gente da ilha Brava.
No percurso de regresso detivemo-nos uns minutos no Miradouro da Senhora do Monte para admirarmos a paisagem e vermos a cidade lá do alto.
Depois descemos e ainda tivemos tempo de ir ver o porto das Furnas de dia, onde os habitantes locais conviviam em amena cavaqueira junto ao paredão que foi erguido para proteger a povoação das investidas do mar.
Lá estava o Kriola ancorado à nossa espera para nos levar de regresso para a cidade da Praia. Mas isto só aconteceria ma manhã do dia seguinte.
Entretanto, procurámos um restaurante para o nosso jantar do dia de Ano Novo. Havia poucos abertos. Indicaram-nos o “Sossego” por onde já tínhamos passado mas que, pelos muito elevados decibéis da aparelhagem sonora e pelo tipo de música que se ouvia nos pareceu mais uma boite do que um restaurante. Por termos em conta a recomendação, entrámos e fomos muito bem atendidos. Prepararam-nos uma excelente refeição de lagosta, tendo o gerente vindo no fim a pedir-nos desculpa por os bichos não serem totalmente frescos devido ao feriado. Mas que podíamos avisar quando voltássemos porque ele tem mergulhadores que vão ao mar apanhar as lagostas para que possam ser servidas frescas aos clientes.
Após o jantar fomos à Praça em frente aos Paços do Concelho para actualizarmos a nossos contactos de email e de informação usando a rede livre de internet. Depois foi o recolher à Pensão Viviplace para o merecido descanso.
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