Este diploma diz, no artigo primeiro, que “É criada uma colónia penal para presos políticos e sociais no Tarrafal, da Ilha de Santiago, no Arquipélago de Cabo Verde.” Embora esta lei não dê um nome ao campo, diz, no entanto, que é “uma colónia penal para presos políticos e sociais” e define as linhas gerais da sua imediata instalação, organização e funcionamento. Previa-se uma lotação até quinhentos presos. Seria instalado nos terrenos denominados de Chão Bom, Achada Grande e Ponta da Achada, situados no concelho do Tarrafal, podendo ainda utilizar-se outros terrenos se necessário. Seria instalada uma zona de isolamento em torno da colónia penal destinada a evitar o contacto dos reclusos com a população livre. A dotação de pessoal da colónia seria constituída por um director, um capelão, um médico, um farmacêutico e três enfermeiros, um secretário, um ecónomo, um regente agrícola e um a três mestres de oficina, um escriturário, três empregados de expediente, três empregados de contabilidade, um chefe de guardas e setenta guardas, sendo quinze de primeira classe, quinze de segunda classe, e quarenta de terceira classe, um cozinheiro, dois ajudantes, dois motoristas, um ajudante e quatro serventes. Se não me enganei na contagem a dotação era de cento e um funcionários. Haveria ainda uma companhia indígena, com os respectivos oficiais europeus, à disposição do director da colónia, que poderia ser o próprio comandante da força.
Esta referência às origens do campo, apesar de enfadonha, permite-nos compreendê-lo melhor na sua parte exterior.
Idos do Tarrafal e uma vez chegados à localidade de Chão Bom encontramos uma meia lua em cada lado da estrada que, no conjunto, se completam em jeito de círculo. No lado direito há um grande out-door anunciando o Campo de Concentração do Tarrafal.
Vamos seguir pela alameda que nos leva até à entrada principal do campo.
Lá ao fundo viramos à direita. Está uma mulher de meia-idade sentada à porta. Diz-nos que temos de pagar entrada. Pagamos mas não entramos ainda. Vamos ver melhor isto por fora.
Talvez, procurando melhor, o possamos encontrar lá dentro.
Sem comentários:
Enviar um comentário