sábado, 28 de maio de 2011

O Encontro dos Vampiros em 2011

Vampiros é o nome da Companhia de Caçadores 2367, do Batalhão 2845, expedicionária na Guiné nos anos de 1968 a 1970. Desta vez, fez o seu encontro anual na Mealhada, no Restaurante Três Pinheiros, no passado dia 21.

É sempre agradável reencontrar os antigos companheiros.

As cabeças de cabelos brancos fizeram roda à volta das mesas. Muitos fizeram-se acompanhar das suas famílias, incluindo filhos e netos. Uma história ou outra do passado surgiu naturalmente, acabando por gerar emoções.

O tempo não deu para falar mais longamente com todos e, por isso, fiquei com pena. Registei com carinho o abraço sentido do Rui, homem grande que todos os anos me fala e abraça com as lágrimas nos olhos.

O serviço militar de outros tempos gerou este grupo de amigos cuja amizade se mantém há mais de quarenta anos.

Enquanto prestou serviço na Guiné, a Companhia dos Vampiros fez muito mais do que a guerra. Tinha uma escola, prestava auxílio médico-sanitário às populações. Distribuía alimentos. Ajudou a fazer caminhos pontes e estradas. Foi, aliás, na construção da estrada entre Có e Pelundo que ficou mortalmente ferido um dos nossos queridos companheiros. Pena é que a Pátria do Portugal de hoje não seja a mesma Pátria que nos mobilizou e obrigou a abandonar as nossas vidas de jovens de então para irmos ao seu serviço. Agora esse serviço então dito de patriótico é chamado depreciativamente de, apenas, guerra colonial. Alguém deveria avaliar, enquanto é tempo, os aspectos positivos da passagem forçada dos jovens dos anos sessenta e setenta pelas terras distantes que não nos diziam nada e a que tivemos de nos adaptar.

A Companhia 2367 fez o percurso, na Guiné, começando pelo Olossato, Bula, Có, Pelundo, Teixeira Pinto (actual Cachungo) e Cacheu.

Nas operações andava preferencialmente de noite e, por isso, ficou conhecida pelo nome de Vampiros.

Ver o vídeo do encontro em
 http://www.youtube.com/watch?v=pTYvxX_g_xA

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A Ubiquidade Lusa e as Eleições em Portugal

Durante muitos anos, tive a oportunidade de viajar um pouco por todo o mundo. E uma das diversões que tinha em cada viagem era folhear as listas telefónicas que nos disponibilizavam nas mesas de cabeceira dos hotéis para encontrar apelidos de origem portuguesa. Por vezes, eram várias as folhas com Sousas, Almeidas, Albuquerques, Albergarias e outros. Foi assim em Hong Kong, Tóquio, Honululu, Los Angeles, S. Francisco, Nova Iorque, Toronto, Malaca, Singapura e outras cidades. Sentia uma estranha satisfação quando observava aqueles apelidos ali escritos e, por momentos, pensava na ligação que, na linha do tempo, esses nomes tiveram a Portugal.

Sentia então que a Alma Lusa estava um pouco por todo o mundo. As listas telefónicas eram, de algum modo, uma prova actual disso mesmo.

 A Ubiquidade Lusa veio-me à lembrança agora por dois motivos.

O primeiro é que vamos ter eleições, facto que, para quem está longe da Pátria, nem sempre pode ser vivido convenientemente, apesar dos meios de comunicação que temos na actualidade. Deveria haver soluções para que o direito de votar fosse mais fácil para os muitos milhares dos nossos emigrantes. Eles sentem saudades, mas se quiserem exercer o direito de voto têm dificuldades. Por vezes, têm de se deslocar muitas centenas de quilómetros para irem ao Consulado mais próximo, quando o há.

A realidade mostra que a ligação sentimental efectiva dos emigrantes à Mãe Pátria dura apenas uma geração ou duas. Depois, lá ficam os nomes nas listas telefónicas, alguns costumes e pouco mais do que isso. É curioso observarmos, nas nossas vilas e aldeias do interior, as muitas moradias construídas pela vaga de emigrantes dos anos cinquenta e sessenta. Muitas são cópias de típicas casas francesas. Hoje estão fechadas. Acabarão por ficar abandonadas porque as gerações seguintes já não vão querer regressar à terra dos pais ou avós. Quando muito, voltarão ocasionalmente para preencherem o buraquinho da saudade.

A Ubiquidade Lusa não é só uma coisa do passado. É também uma realidade dos nossos dias.

Para grande surpresa minha, há dias, uma amiga chamou-me a atenção para uma entrevista que tinha ouvido na Antena 1,  no programa "Portugueses no Mundo" onde falava uma menina a viver no Panamá que lhe parecia ser minha filha. Fui à procura da entrevista no site da Emissora e tive a sorte de a encontrar. Porque, de uma maneira muito hábil e inteligente, se refere ao problema da eleições, pareceu-me que a sua chamada aqui ao Dicforte é agora muito oportuna.

http://www.rtp.pt/multimediahtml/progAudio.php?prog=3988&clip_mp3=87045

Na entrevista é referida uma determinada fotografia que, por a achar um documento muito interessante, me parece que também merece ser visitada.


Link para o Blogue da Billy:

E como aí se diz, desta vez é proibido "Votar Basura!". Penso que todos estão conscientes disso. A grande dificuldade está no facto de sabermos distinguir o que é, na verdade, o lixo.

"Não votar basura" é assim um interessante mote que a Ubiquidade Lusa nos trouxe do Panamá, onde nem sequer há Embaixada Portuguesa.

Bem, devo confessar que a entrevistada me deixou muito orgulhoso pelo contibuto positivo que já dei para a Ubiquidade Lusa.