sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A FESTA DO MILHAFRE

Ontem, ocorreu no Casino Estoril a festa do 106.º Aniversário do Benfica. Foi de lá que a Agência de Notícias Lusa emitiu o seguinte despacho:

Estoril, Lisboa, 25 fev (Lusa) - O diretor desportivo do Benfica, Rui Costa, mostrou-se hoje orgulhoso pela celebração de mais um aniversário do clube e em especial pelo facto de a equipa estar a lutar pelo sucesso desportivo em três frentes.

"É uma noite muito especial, com mais um aniversário deste grande clube. Nós ficamos orgulhosos por festejar este aniversário em primeiro lugar na Liga, na final da Taça da Liga e nos oitavos de final da Liga Europa", disse o antigo número 10 dos "encarnados", à margem da gala comemorativa do 106.º aniversário do clube.

No entanto, o responsável pelo futebol das águias lembrou que, apesar do bom momento que a equipa de futebol atravessa, é preciso precaução, pois ainda nada foi conquistado.

Durante todo o dia, houve no Casino Estoril uma extraordinária azáfama para preparar toda a logística, para que tudo corresse bem. A cantina da Empresa encheu-se de caras novas à hora das refeições e muitas pessoas circulavam pelos corredores com a placa identificadora de visitante dependurada ao peito. Entre essas pessoas havia operadores de câmara e de reportagem do Canal de TV "Benfica" que, na hora do almoço, fizeram um assédio cerrado ao Chefe responsável pela confecção do suculento e distinto jantar que iria ser servido aos Benfiquistas.
Como é normal, há entre os funcionários do Casino simpatizantes dos diferentes clubes, mas por incrível que pareça, os que mais se fazem notar são os alinhados com o FCP, alguns dos quais, costumam ficar bastante assanhados sempre que se fala de clubes de futebol. Alguns deles estiveram directamente ligados à organização do evento. Obviamente que as discussões, nestas alturas, nunca passam de um tom jocoso. E então ontem, de entre os Benfiquistas, que, não sei bem porquê, aparentam sempre um ar medroso e humilde, diria mesmo, pouco convicto, havia uns que se atreviam a dizer aos colaboradores simpatizantes de outros clubes que era obrigatório comparecer no trabalho com gravata encarnada, como sinal de simpatia para com os ilustres visitantes que iriam encher por completo o Salão Preto e Prata do Casino. Este pode acolher, em utilização da capacidade máxima, cerca de mil pessoas e ontem esteve a rebentar pelas costuras.
O castigo para quem não cumprisse esta obrigação seria muito severo. Nada menos do que serem adicionados á lista dos 113 funcionários que foram alvo de despedimento colectivo nas últimas semanas.
Só que a reacção não se fazia esperar, traduzindo-se em exclamações e impropérios diversos contra os lampeões. Achei muito interessante a exclamação de um dos nossos colaboradores, que faz questão de andar quase sempre com uma gravata azul para homenagear o seu clube nortenho, que dizia que só lhe faltava agora ter de mudar a cor da gravata só porque ia haver no Casino a festa do milhafre. Mais, ameaçou que iria vestir-se todo de azul e que, como estava constipado, iria espirrar muitas vezes para o ar ambiental onde os milhafres se iriam movimentar para ver se de lá saíam todos com o pingo no nariz.
Fiquei satisfeito ao ler o acima transcrito despacho da Lusa e ver que não mencionava nenhuma pandemia de pingadeira.
Pingadeira do nariz não a houve, claro. Porque em relação à pandemia da pinga há sempre quem se exceda e se candidate a demonstrar um índice de superior alcoolémia ao soprar o balão. E havendo mais de mil águias por ali é de supor que algumas se tenham excedido, pois o ambiente de festa era propício.
PARABÉNS BENFICA PELOS 106 ANOS E PELO PRESENTE AMBIENTE DE SUCESSO!!!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O ESTRANHO CASO DA INSTALAÇÃO DO MEO - EPISÓDIO N.º 6 - AS COISAS VÃO-SE FINALMENTE COMPONDO...

Após um mês e vinte e quatro dias do começo desta saga...
Na segunda-feira, por volta das quatro da tarde, uma assistente da PT contactou-me para me informar que iriam repor em funcionamento o meu telefone da Capinha. Pediu-me uma data e hora em que eu pudesse estar disponível para abrir a porta.
Combinámos para sábado, dia 27 de Fevereiro, por volta das duas da tarde.
Hoje, logo pela manhã, telefonou novamente uma assistente para me dizer o mesmo.
E passada cerca de uma hora, eram 11h03, voltou a telefonar uma assistente diferente para, mais uma vez, me dizer o que disseram as anteriores. Esta assistente que disse chamar-se Sereia, nome bonito que, aliás, condiz com a melodiosa voz da titular, repetiu, mais uma vez, o que as anteriores tinham dito. No próximo sábado por volta das duas da tarde... Confirmado... Confirmado... Confirmado.
Cerca de uma hora depois telefonou um técnico da PT que me perguntava se tinha alguém em casa, pois estavam na zona e podiam ir fazer a reactivação de imediato. Fiquei surpreendido e disse-lhe para me dar cinco minutos para ver se arranjava quem pudesse abrir a porta. E consegui.
Por volta das quatro da tarde liguei o número e tive o prazer de ouvir, após o oitavo toque, a voz do residente permanente que me manda discar o código para ligar o aquecimento da casa. A reposição está feita.
As coisas vão-se, finalmente, compondo...

sábado, 20 de fevereiro de 2010

O ESTRANHO CASO DA INSTALAÇÃO DO MEO - EPISÓDIO N.º 5 - DÁ GOSTO VER JOVENS EMPENHADOS

No episódio anterior, fiquei com a informação de que a PT me iria contactar dentro de 48 horas para dar seguimento ao acidentado processo de recuperação do número de telefone que tinha na minha residência antes da malfadada instalação do MEO.
Porém, a meio da tarde, ligou-me novamente o técnico que fez a falhada tentativa na parte da manhã.
Perguntava se tinha alguém em casa, pois agora já estava em condições de efectuar a reposição do número de telefone a que tinha direito.
Disse-lhe que não sabia se poderia ter alguém disponível e que eu estava longe. E mesmo que eu quisesse lá estar demoraria cerca de 45 minutos a chegar. Ele, contudo, retorquiu que já estava à porta da minha casa e que esperaria o tempo necessário até que chegasse alguém. Evidenciou um tal interesse em resolver o assunto que me deixou impressionado. Por isso pus-me a caminho.
Mal me viu aparecer evidenciou uma tal satisfação misturada com agitação e com um sorriso rasgado que, só por si, justificaram o esforço que fiz para poder estar de volta para lhe abrir a porta.
Precipitado, com o mini notebook debaixo do braço, projectou-se a ligar o aparelho ao router para fazer a configuração. A certa altura fez uma chamada do seu telemóvel e exclamou exuberante:
- Agora já está. Quer ver?
O telefone fixo tocou e ele apanhou-o rapidamente. Carregou numa tecla e ia entregar-mo. Contudo, entre mim e ele ficou a sua mão suspensa, quase colada aos seus olhos incrédulos fixados no motrador do telefone já sem luz que se apagara subitamente. Ligou-o insistentemente. Cada vez que o ligava aparecia a mensagem “Impossível” e desligava-se imediatamente.
- Não, não pode ser. Este telefone está avariado. Exclamou.
Dito isto, precipitou-se para a porta de saída dizendo que ia buscar outro telefone.
Em poucos minutos estava de volta com um novo aparelho que ligou ao router. Digitou o número a partir do seu telemóvel e o telefone tocou. A seguir liguei eu do meu telemóvel e o telefone tocou novamente. A seguir fiz a primeira chamada para fora e já falei normalmente. O anterior número de telefone, 213961471, estava, finalmente de volta.
Quanto ao aparelho do telefone antigo, parece ter sido misteriosamente adormecido, pois aparece, por instantes, a mensagem “Impossível” e desliga-se.
É claro que uma coisa destas só pode ter sido obra das tais misteriosas bruxas.
De tudo isto, sobrou a satisfação que senti ao ver um jovem empenhado e ansioso por resolver um problema.
E agora...
Uma hora depois de ele ter saído, ligou, já para o novo aparelho de telefone, uma assistente da PT que com uma voz simpática se identificou pelo nome e me questionou sobre o meu e disse a seguir que a razão do seu telefonema era apenas para saber por que é que eu tinha pedido o cancelamento do contrato relativo ao telefone n.º 213961471. Reagindo, exclamei umas tantas vezes “não, não não ...” o que a deixou por alguns instantes silenciada.
Acrescentou a seguir que tinha a indicação de que eu tinha ido a uma loja de PT pedir o cancelamento deste contrato e que era política da Companhia saber as razões que levam os clientes a estas atitudes de ruptura.
Disse-lhe que não tinha ido a loja nenhuma nem pedido o cancelamento e acrescentei que um seu colega tinha acabado de concluir o processo de recuperação deste número. De modo algum, pretenderia agora cancelá-lo.
E assim podemos concluir que a PT não parece ser presentemente uma Empresa mas um amontoado de pessoas de boa vontade a laborar atabalhoadamente e sem qualquer coordenação.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O ESTRANHO CASO DA INSTALAÇÃO DO MEO - EPISÓDIO N.º 4 - E A SAGA CONTINUA....

E a saga do MEO embruxado continua…

Hoje pelas 9h15, veio o técnico da PT. Jovem, com um mini notebook debaixo do braço, apresentou-se para introduzir o novo número de telefone no router. Gostei de ver a maneira despachada e sabedora com que ele punha e dispunha dos cabos de ligação, ao mesmo tempo que ia olhando para o ecrã do computador. Parecia-me convencido de que a operação iria resultar e em pouco tempo. Eu, embora expectante, estava optimista.
Passados alguns minutos observou:
- O sistema não está a deixar registar o novo número….
Expliquei-lhe que não era um novo número, era apenas o número que nunca deveria ter saído de lá.
Liga para o chefe e a seguir para uma série de números. Recebe diversas chamadas em retorno.
Perguntei-lhe se estava a par do histórico do processo. E verifiquei que não estava. E assim passei a contar-lhe a história das bruxas da PT começada no dia 30 do passado mês de Dezembro. Ficou estupefacto.
Entreteve-se ainda uns largos minutos, olhando o computador e ligando e desligando os cabos. Incrédulo fazia chamadas e mais chamadas. Entretanto, pu-lo ao corrente do meu desconforto em relação ao modo como o MEO se encontra instalado, evidenciando todos os defeitos da pressa e da precipitação e da não consideração dos interesses do cliente.
Passadas duas horas anunciou que ia desistir.
Fez mais uma chamada e a seguir a informação oficial de que não estava a conseguir executar o trabalho e que alguém da PT me iria contactar nas próximas 48 horas.
De tudo isto, só posso concluir que o router não deixou registar o número porque lá dentro há algumas das tais bruxas que têm bloqueado o processo do MEO e que, mais do que isso, estão a ameaçar a PT de alto a baixo, incluindo a Administração da Empresa.
Registo, no entanto, um aspecto positivo: o técnico (Sr. MM) conseguiu, apesar de tudo, ser educado e simpático.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O ESTRANHO CASO DA INSTALAÇÃO DO MEO – NOVO E DIVERTIDO EPISÓDIO QUE INDICIA QUE A PT ESTÁ GRAVEMENTE DOENTE.

Como já escrevi em postagens anteriores, estou a observar, desde o passado dia 30 de Dezembro, um estranho caso em que as bruxas, com insondáveis desígnios, estão afectar negativamente a PT a vários níveis.
Foi ontem noticiado que a trapalhada da compra da TVI e do alegado apoio à campanha eleitoral do Eng.º  Sócrates, usando a Fundação do Luís Figo, levou à auto-exoneração de um dos administradores da Empresa, lá colocado ao abrigo da influência da “golden share” do Estado.
Mais, foi interessante ver na TV dois dos principais responsáveis pela Companhia a darem a cara por ela, salientando, nomeadamente, o bom serviço que presta aos muitos milhares de clientes, com destaque para o serviço de fibra óptica. Mais ainda, foi muitíssimo interessante e educativo ouvir um deles dizer que, nos mencionados processos, se sentia "encornado". Tudo isto e sobretudo o invocado "encornamento" provam que as bruxas estão a dominar a PT.
Mas a referência ao bom serviço da fibra óptica só pode ter sido ironia.
Na verdade, a minha experiência diz-me que este serviço, designado por MEO, que até poderia ser excelente, é instalado de um modo apressado, negligente e com desprezo pelos interesses dos clientes.
Falo com experiência própria. Já tenho neste blogue duas postagens sobre este caso cuja estranheza se prolonga e adensa.
Com efeito, no seguimento do processo para corrigir a má instalação, telefonou-me ontem, às 11h30, uma simpática assistente da PT informando-me de que hoje, dia 18 de Fevereiro, entre as 9h30 e as 10h00 viria um técnico a minha casa para corrigir o erro da afectação do número de telefone. Noto que os dois números em causa, estão completamente desligados há dias, e que, quando marcados, dão origem à interessante mensagem de que não se encontram atribuídos.
Cheio de esperança, fiquei de plantão com o ouvido encostado à campainha da porta. Mas passou hora e meia e ninguém deu sinal.
Pelas 10h30 chegou o carteiro e com ele uma carta da PT. Esta carta, datada de 12 de Fevereiro, diz textualmente o seguinte:
“No dia 2010-02-15, será realizada a alteração do(s) número(s) da(s) linha(s) telefónica(s), conforme abaixo indicado:
De 275941643 para 213961471. A taxa deste serviço, de 13,47 Euros acrescido de IVA, será incluída numa das próximas facturas.”
Assina Bruno Espírito Santo, Director do Departamento de Apoio a Clientes.”
Em espírito de esperar para ver este assunto resolvido, telefonei ás 10h45 para o n.º 16200-9 da PT, onde fui atendido por um assistente que, após ouvir o meu problema, me fez esperar longamente na linha, acabando por reaparecer e me recomendar que esperasse mais algum tempo pelos técnicos, pois estes tinham de facto agendada a visita e não tardariam a chegar.
Uma hora depois, voltei a repetir a chamada. Eram exactamente 11h40 e fui atendido pelo assistente Carlos Almeida que, após me deixar longamente dependurado na linha para ver o que se passava, voltou para me recomendar que esperasse pelo menos até às 14h00 e que, se os técnicos não viessem, pedisse um novo agendamento que poderia ser para uma hora pós-laboral.
O que dizem a isto?
A PT, que foi uma grande Companhia, está assim...
Sem mais comentários porque tudo isto só pode ser obra das bruxas.

E às 14h00 ninguém da PT tinha aparecido. Isto deixa-nos a ideia de que a PT continua a brincar ao Carnaval com os clientes!!!

Às 16h08, telefonou novamente uma assistente da PT (16200-Vanessa Costa-Departamento de Agendamentos) a dizer que afinal os senhores técnicos da PT irão àmanhã, da parte da manhã, entre as 9h30 e as 13h00.... para .... Não houve uma palavra de justificação ou desculpas!!!

É assim!!! Tudo isto só pode ser resultado de uma PT embruxada. A verdadeira PT agiria de um modo diferente.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A MINHA FREGUESIA SEM PRIOR

No passado dia 24 de Janeiro, o Pároco da minha aldeia despediu-se da população. Ao fim de mais de quarenta e sete anos de trabalho na paróquia, decidiu retirar-se, como qualquer trabalhador, após um tão longo período de trabalho. Eu soube dessa retirada na altura em que aconteceu, mas só hoje pude sentir no local o ambiente de vazio que a sua saída deixou no ar.
Ao meio dia e meia hora parei no Adro, na expectativa de poder ver a Igreja aberta e de assistir à missa. Era um hábito que, para a população local, ocorria há muitas dezenas de anos com destacada pontualidade. Em todos os domingos, ao meio dia e trinta, as pessoas estavam já na igreja, o relógio da torre batia a meia hora, as luzes acendiam, o Prior aparecia e a missa começava. Sempre me lembro de as coisas acontecerem assim.
Hoje pude verificar que algumas pessoas ainda correram em cima da hora para a porta da igreja, agarraram-se desesperadamente à maçaneta da porta rodando-a para a tentarem abrir e não conseguiram. Retiraram-se desiludidas. Seguindo o percurso de regresso abanavam a cabeça claramente desconfortadas. Um mocinho meu conhecido, sempre prestável, viu-nos por ali e correu a averiguar se haveria missa ou não. Regressou pouco depois dizendo que agora só iria haver missa no próximo domingo, às três da tarde.
Naquele momento, senti que a minha Freguesia sem Prior é como um corpo sem alma.
Podemos imaginar a falta que sentirão as pessoas, quase sempre mais idosas, que viam na missa diária, que começava impecavelmente às dezanove e trinta no inverno e às vinte e trinta no verão, a única razão para saírem de casa por breves momentos para uma corridinha até à igreja para regressarem a casa pouco depois.
Que grande falta vão fazer aqueles minutos breves do momento da saída da missa onde as vizinhas e as amigas se cumprimentavam para saber dos doentes e dos ausentes: “Olá vizinha como está, tem tido notícias do seu homem, dos seus filhos, dos seus netos?”
E as notícias vinham naturalmente. Estão bem ou estão assim assim. Por vezes sabiam-se as novidades mais alegres e as mais tristes. Mas era ali o ponto para uma breve conversa diária, e isto há já muitas dezenas de anos. Agora, à hora da missa, que já não a há, sente-se o vazio por já não haver a razão que proporcionava o encontro. A Freguesia sem Prior é agora quase como que um rossio sem gente.
O Prior da nossa Freguesia era uma fonte fidedigna de registos sociais de todos os tipos. Conhecia as famílias e as pessoas das famílias pelo nome, de tantas gerações quantas podem caber num período de quarenta e sete anos. Os melhoramentos, os êxitos e os fracassos, os amores e as desventuras, as traições e as rixas, os crimes de faca e alguidar, que também os houve. Bastava fazer uma pergunta e a resposta vinha sempre com impressionante precisão e detalhe. Com a saída do Prior, a Freguesia assemelha-se agora a um livro de história que, para nossa surpresa, tem a quase totalidade das páginas em branco.
Que irá acontecer às tradições mais bonitas da nossa terra, como eram o Domingo de Ramos, com todo o seu teatro dramático de origem medieval, à Festa da Santíssima Trindade, à Festa do Santíssimo e outras? A quem poderão recorrer os moradores para encomendar as missas em sufrágio dos seus antepassados?
Agora a minha Freguesia sem Prior é como uma capela vazia, sem altares, sem imagens, sem luzes, sem bancos.
A porta do Prior era a única da aldeia a que, numa aflição, se batia, a qualquer hora do dia ou da noite, com a certeza de que não era preciso pagar nada em troca da ajuda que sempre era dispensada, nem que fosse apenas na forma de uma palavra amiga. Agora essa porta está fechada e não adianta bater porque já não há lá ninguém para responder. Assim, a Freguesia sem Prior tornou-se num casarão vazio, silencioso e frio, de portas fechadas e luzes apagadas.
Para quem vive longe e tem alguém idoso a viver na Freguesia era fácil telefonar ao Prior e saber notícias frescas. Era confortante ouvir: “Ainda ontem a vi e pareceu-me rija. Estava na missa da noite”.
Agora, a Freguesia sem Prior é como que um telefone sem sinal de chamada.
E para quem vem apenas de quando em vez à aldeia e tinha o privilégio de poder combinar com o Prior um encontro para um café ou para uma cerveja e dois dedos de conversa, agora, sem ele, a Freguesia ficou muito mais triste e desinteressante porque já cá não podemos contar com a amável disponibilidade do nosso bom amigo P. Gama.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O ESTRANHO CASO DA INSTALAÇÃO DO MEO

Num post anterior descrevi as situações anormais ocorridas com a instalação do MEO na minha casa, que me levaram a concluir que elas, as bruxas, existem.

Hoje quero demonstrar que não só existem como são muito poderosas e influentes no dia a dia da PT.

Não vou aqui falar da história que o semanário Sol relatou, na edição do passado dia 5 de Fevereiro, aliás numa linguagem aparentemente silogística, sobre o caso da utilização da PT para dominar a rebeldia da TVI. Esse é um assunto demasiado importante que merece ser discutido noutros fóruns.

Aqui vou falar apenas de uma coisa banalíssima que é a relação de uma empresa com um cliente.

É que já passou mais de um mês sobre a trapalhada da instalação do MEO na minha casa, em 30 de Dezembro, em que me baralharam os números de telefone. De dois que tinha passei a poder utilizar apenas um. No entanto, por força das bruxas, a factura veio com a conta de três: um 21.... de Lisboa, um 275...... (Fundão) e um 275 .... (Lisboa).

Desde o dia da instalação, eu próprio, amigos e familiares, fizemos inúmeras reclamações pelos canais da PT acessíveis para o efeito. Mandei uma carta registada com aviso de recepção para a Direcção de Clientes. Usei o email para reclamar. Ouvi respostas como “agora não posso dar informações porque o sistema está em baixo”, “deve ter feito algum desvio de linha” “não sabemos o que se terá passado”.

Durante mais de uma mês não mereci da PT uma palavra sequer ou um simples sinal de que tencionavam resolver o meu problema.

Só anteontem, dia 9 de Fevereiro, é que apareceu um funcionário da Companhia que concluiu que o número de telefone 21.... estava na rede cobre que chegava ao prédio onde habito. Só que, coitada, deixou de ter força para ultrapassar a porta de entrada. E porque que linha estava viva, quando a chamavam ela dava sinal disso e encaminhava o telefonema para a caixa de voicemail.

Do meu número 275... no Fundão, nem rastos. No entanto este número, em Lisboa, está a ligar-me ao exterior.

A vinda do Senhor da PT teve um efeito imediato. As bruxas deviam estar à espreita e arranjaram a maneira de baralhar ainda mais o assunto. E agora quando se liga o meu número 21.... a resposta da operadora da PT é que “Este número não se encontra atribuído.” No entanto a factura traz 15,192 euros pelo aluguer da linha respectiva no mês de Janeiro.

Pressionam-nos para se aderir ao MEO e depois chegam dois senhores apressados que instalam o sistema deixando a box no sítio que mais lhes convém e menos trabalho lhes pode dar e os números de telefone baralhados. No meu caso, deixaram-na na cozinha, alegando que não é sua função fazer furos nas paredes ou pesquisar nos tubos por andam enfiadas as antenas.

As coisas não andam bem na PT. De facto, não compreendo como é que, no período de um mês e nove dias, não houve uma palavra de atenção para um cliente de há mais de 40 anos, que, em todo esse período, nunca faltou ao pagamento de uma factura.

Isto é uma falta de respeito e, mais do que isso, é uma humilhação. Admito que só pode ser obra das bruxas, pois a PT não seria capaz de um desrespeito desses.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

A LOJA DAS CORES

A loja das cores é uma das brincadeiras preferidas da minha Neta.

Reparou ela que os pacotes de leite com chocolate que costuma beber e de que gosta muito têm, na base, quadradinhos com cores diversas.

(O pacote com a loja das cores)

Começou ela por me perguntar qual é a minha cor preferida.

- O encarnado, disse eu.

- Então eu vou-te vender a tua cor preferida.

E como que arrancando o quadradinho encarnado com a palhinha com que bebeu o leite disse:

- Toma Avô a tua cor preferida. São três euros.

Depois olhou para a fruteira e disse que a banana também queria comprar as cores dela. E pediu para eu a ajudar a vir à loja das cores.

(A loja das cores)

O meu papel de avô entrou em acção dando animação e voz à banana. E a banana saiu da fruteira aos saltinhos, não directamente para a loja, mas fazendo um pequeno desvio pois era a primeira vez que saía à rua.

Já na loja das cores disse:

- Senhora lojista, eu quero comprar as minhas cores.

E a senhora lojista disse:

- Sim menina banana. Aqui está o amarelo, também tem aqui um pouco de verde e vejo que, no seu olhinho e no seu pé, tem castanho. Vou-lhe vender e aplicar as suas cores.

Depois de a banana estar pintada, a fingir, perguntou à senhora lojista:

- Quanto devo.

- Treze euros!

- Tanto dinheiro! Foram só três cores, senhora lojista.

- Sim, mas foi preciso muito amarelo.

E a banana lá se conformou, pagou e voltou aos pulinhos para o seu lugar na fruteira.

Vieram a seguir a laranja, a maçã e o kivi.

O procedimento foi idêntico, mas as contas foram muito diversas. A laranja pagou um euro. O kivi pagou seis euros. A maçã, por ter mais cores, teve uma conta muito elevada: cem euros. Contudo, depois de regatear muito, lá pagou apenas treze euros, tanto como a sua amiga banana.

Houve cores que o Avô não distinguia bem por ser um pouco daltónico. E então a menina da loja das cores quis saber e compreender o que é ser daltónico.

E assim este jogo divertido permitiu à menina da loja das cores aprender uma palavra nova e aprofundar o seu conhecimento do valor relativo das coisas.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

AS COISAS BONITAS QUE A MINHA NETA DIZ

As coisas bonitas que a minha Neta, de cinco anos, diz:

1. Ó Avô, com o teu cabelo branco pareces um boneco de neve!
   (E vejam na foto o lado se não é verdade!)

2. Eu já não sou uma bebé, sou uma menina!

3. Era frequente regressar da escola com a Avó e fazer o percurso a pé. A meio do caminho, por vezes, estendia os braços e pedia colinho. Um dia a Avó disse-lhe:

- Hoje estou muito cansada e quem pede colinho são os bebés e tu já és uma menina!

Num dos dias seguintes a Netinha, mais ou menos no mesmo ponto do percurso, posicionou-se em frente da Avó de braços levantados e, agarrando-se já a ela, dizia em súplica:

- Ó Avó, eu quero subir a esta árvore!

4. No outro dia, na natação, quis ir sozinha para a cabine do balneário, recusando o apoio da Avó, porque já é uma menina crescida.

Já em casa verificou que os bolsos das calças do fato de treino estavam ao contrário e tentava puxá-los para a frente. A Avó notou isso e disse-lhe:

- Tu não consegues puxar os bolsos para a frente porque tens as calças ao contrário. Tens de descalçar os ténis, tirar as calças e vesti-las com os bolsos para o lado da frente.

E ela assim fez. Quando acabou dirigiu-se à Avó dizendo:

Obrigada, Avó! Agora vou dar-te sempre ouvidos!