segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Será que os chineses antigos já tinham telemóvel?

Está na moda falar-se dos Chineses. A entrada deles na EDP tornou-os ainda mais vedetas entre nós. Qualquer assunto onde possam ser mencionados serve para chamar a atenção do público, às vezes com o insondável interesse de aumentar a desconfiança em relação a eles.

Vem esta introdução a propósito da crónica publicada pelo Diário de Notícias de hoje, 9 de Janeiro de 2012, intitulada

“Quem vai proibir chineses de roubar praias da Guiné?”

E que começa assim:

“Quando Nuno Tristão navegou até à Guiné em 1446, a China tinha desistido de explorar a costa de África havia uma dúzia de anos. O almirante Zheng He chegara quase até Moçambique, mas os juncos receberam ordem dos Ming para regressar e nunca contornaram o, para nós, Cabo da Boa Esperança.”

Deduzida a dúzia de anos, temos a informação de que, em 1434, o almirante Zheng He estava quase a chegar às costas de Moçambique, mas que o imperador Ming o mandou regressar imediata e definitivamente à terra natal.

Ora, as costas da China e de Moçambique ficam tão longe uma da outra que são precisos muitos dias de arriscada viagem marítima para percorrer a distância entre elas.

Conta-se que o almirante He terá podido estabelecer uma significativa base de apoio na região de Malaca, que fica a meio do caminho entre as duas referidas costas, após presentear o sultão local com uma corte de lindas mulheres chinesas. Além disso, fala-se em Malaca de sete hipotéticos poços que o almirante Hang He terá feito abrir para abastecer a sua frota de água potável, alguns dos quais ainda hoje estarão activos.

Mas entre Malaca e Moçambique, a distância é quase infinita e muito mais o era naquele tempo.

É exagerado dizer-se que, em 1434, os Chineses só não chegaram à costa de Moçambique porque, quando estavam quase a conseguir essa proeza, receberam ordem do imperador Ming para regressar a casa.

Se assim fosse como é que então a ordem lhes terá sido transmitida? Só uma ordem dada por telemóvel poderia ter tido tão imediato e drástico efeito.

Por outro lado, só por exuberância de expressão se pode falar, na invocada crónica, em chineses a roubar praias na Guiné.

Estamos a falar de Chineses.... Como precisamos deles é prudente tratá-los bem...