terça-feira, 11 de maio de 2010

BENFICA CAMPEÃO E PAPA BENTO XVI

Os fenómenos das multidões intimidam-me e mantêm-me à distância mas nem sempre...

Em menos de uma semana, bem perto da minha casa, ocorreram dois fenómenos de multidões: a festa do 32.º título do Benfica como Campeão Nacional e a visita do Papa Bento XVI. Confesso que tenho medo de muita gente junta e procuro evitá-la. No domingo passado, senti uma tentação enorme de me pôr a caminho e ir para o Marquês e viver aquele espectáculo maravilhoso dos exuberantes Lampeões. Mas o comodismo, por um lado, e o receio natural que tenho das multidões, por outro, não me permitiram sair da posição de ocasional observador à distância com uma olhadela esporádica para o ecrã da televisão. Vendo bem nem sequer sou associado do Benfica e uma festa destas é para ser curtida pelos verdadeiros sócios. Ao grande Clube que é o Benfica endereço os meus sinceros parabéns pelo êxito desportivo deste ano, aliás mais do que merecido.

Mas hoje o comodismo não foi suficientemente forte para me amarrar e impedir de ir ver o Papa. As multidões são temíveis mas não é todos os dias que temos o Papa a passar quase à nossa porta. E de máquina fotográfica na mão lá fui eu até ao Terreiro do Paço furando até onde me foi permitido.


O Altar com o Papa a celebrar a missa

Cheguei quase ao meio da Praça. Senti que aqui a multidão era diferente. Não esbracejava nem praguejava contra clubes rivais. Estava postada silenciosa a ouvir o Papa que tecia rasgados elogios à Nação Portuguesa e à sua história. E agradecia à cidade de Lisboa o acolhimento que lhe tem dispensado durante a visita. Ao agradecer ao Cardeal Patriarca mencionou os dois milhões de fiéis da sua área metropolitana. Para ouvir melhor, estava a acompanhar a missa com auricular do rádio do meu telefone. Na estação que tinha sintonizada, os locutores passaram a discutir os dois milhões. Um dizia que o Papa tinha a consciência que em Portugal já não há muitos católicos, pois mencionou que já são apenas dois milhões. E o outro locutor insistia em que ele se referira apenas à população da área metropolitana de Lisboa. Ambos tinham ouvido as mesmas palavras mas deram-lhe o sentido mais conveniente à sua forma de pensamento.
No momento do cumprimento da paz várias pessoas se dirigiram a mim com um sorriso rasgado e me apertaram a mão com calor. Mãos que se encontraram com a minha ali, naquele momento breve e único. Jamais se repetirá em toda a eternidade.

Queria ver o Papa de perto e posicionei-me na rectaguarda, em local onde ele passaria obrigatoriamente no fim da celebração. Aí vi uma procissão de padres seguir pela Rua da Prata acima e distribuir a comunhão pelas pessoas que se encontravam nos passeios.


A Comunhão em frente ao Café Martinho

E no fim vi o Papa passar a poucos metros dos meus olhos e tive a sorte de, nesse momento, ele não estar a olhar para as pessoas que lhe gritavam do passeio contrário. Registei esse momento para o enviar aos meus familiares e amigos que estão longe e o mostrar aos que estão perto. Quero partilhar com eles a felicidade que então senti.


O Papa bem perto de mim

Finalmente, já com a Praça mais livre, pude observar e apreciar, durante algum tempo, o trabalho dos jornalistas da RTP que, em estúdio improvisado, contavam e mostravam ao mundo inteiro o que ali se passava .

O estúdio improvisado da RTP

2 comentários:

Ana disse...

Ontem não consegui ver a missa na televisão e fiquei com pena, mas o teu relato já me reconfortou muito!!!!
Hoje à noite vou tentar apanhar excertos da missa no you tube. Beijinhos

Billy disse...

Gostei de ler o relato. Deve ter sido bonito!