sábado, 2 de outubro de 2010

Quando ter história é ter muitos anos e ser diferente

Junto à minha casa da aldeia, há uma construção de certo modo estranha por ter, em relação às outras, alguns motivos de interessante diferenciação: a forma rectangular, uma única porta da entrada ao meio da fachada principal, a inexistência de janelas, o volume das pedras em paralelepípedo que integram as suas paredes muito grossas, o rigor com que essas pedras foram talhadas e encaixadas umas nas outras e o resto daquilo que terá constituído a cobertura inicial que terá sido de pequenas lajes de granito.


A frente da casa com história

Desde o início do sempre da minha existência que passo no local e que vejo a casa ali sem reparar bem nela.

Porém, um dia destes, um dos vizinhos, ao passar por mim no local e após me dar os bons dias, comentou, chamando-me a atenção para a construção em causa:

Vestígios da cobertura primitiva

- Esta casa tem história.

- Sabe alguma história acerca desta casa? Perguntei.

- Não sei. E o Senhor sabe? Retorquiu ele.

- Eu sei que, nos anos cinquenta ou sessenta, era aqui guardada uma junta de valentes bois castanhos e que o rapaz que cuidava deles dormia lá dentro numa tarimba elevada do chão e encostada à parede da retaguarda, que eu cheguei a ver. Disse eu.

- E chamava-se José Nabinho e emigrou cedo para França e ainda por lá anda. Acrescentou ele.

- Esta é a história que eu sei. Concluí eu.

- Mas isso é aquilo que toda a gente sabe e, por isso, não é história. História é ser uma construção antiga e ter muitos anos. E ser um tipo de construção diferente dos outros à volta.


Assim sendo, tem razão o meu vizinho. A construção em causa reúne as características para ter uma longa história.

1 comentário:

Billy disse...

E ninguém sabe mais nada sobre a história da casa? Ou do Sr. José Nabinho?