sexta-feira, 5 de abril de 2013

Os Silva reinam nas galerias da SNBA

É mesmo assim. As duas galerias da Sociedade Nacional de Belas Artes estão ocupadas por desenhos e pinturas de Senhores Silva. E está anunciado ainda um terceiro que virá logo a seguir.

Na sala de exposições maior está o Prof Jaime Silva, com mais de cem obras, a documentar o seu percurso de quarenta e cinco anos de carreira. E na sala mais pequena está uma exposição de cores flamejantes da Professora Odete Silva. Se passarem pela rua Barata Salgueiro, 36, em Lisboa, não percam a oportunidade. Entrem e vejam. Não pagam nada.

Não estamos a falar de uns Silva quaisquer, engraxadores, vendedores de castanhas no Rossio ou de Silvas da política. Estamos a falar de talentosos artistas. À primeira vista até parecem ser da mesma família. Mas já tirei as dúvidas e não são. Apenas têm de comum o facto de serem professores na SNBA. Como sabem, eu ando lá agora a aprender a riscar papéis e vejo-os com alguma frequência porque ensinam na sala ao lado. A Professora Odete gosta sempre de dar uma voltinha pela nossa sala e, com alguma frequência, pára em frente dos meus desenhos. Olha. Comenta sempre com um jeito distante mas muito simpático. Foi aí que comecei a gostar dela.

Quanto ao Prof Jaime Silva… Apenas tinha dado pela sua presença. Não tinha a mínima ideia do seu trabalho e do seu talento. Até ontem ao fim da tarde. Orientou uma visita guiada à sua exposição e aí foi tiro e queda. Não fiquei com quaisquer dúvidas. É um nome grande do nosso mundo artístico.

Ele começou por falar sem grandes pudores do seu tempo de serviço militar na guerra colonial. Falou das descobertas que teve de fazer e das tormentas que teve de passar até chegar ali. Experimentou muita coisa e muitas resultaram e continua a aplicá-las. A serradura. O spray de automóveis. A tela. O pano-cru. O papel. A parede. A pintura horizontal. A pintura vertical. Às vezes os quadros parecem ter verniz. Os visitantes dizem que sim. Ele garante que não. E por aí fora.

Óleo sobre tela de 1978

Ele explicou o seu percurso desde uma das primeiras obras, que para mim é, desde a primeira visita, a mais marcante, até às últimas. Aqui ele escolheu três quadros.

Eu já tinha parado algumas vezes diante desses quadros. Posso dizer que fui forçado a isso porque tenho quase sempre de fazer tempo para o começo das minhas aulas. E como está frio na rua, sempre é mais agradável rever as exposições. E já tinha reparado naqueles quadros por terem algo de comum. São feitos de pequenos écrãs multicolores. No conjunto dão a ideia de labirinto. E várias vezes tinha comentado para comigo. O que é que isto quer dizer. Não percebo nada. Pareço um boi a olhar para um palácio.



A visão que o Prof Jaime Silva tem do Palácio da Ajuda.
Acrílicos sobre tela de 2011

Ontem, quando o Prof deu a sua explicação, tive que me rir sozinho e de mim próprio. Afinal eu não andava longe da realidade. O boi continuava ali. E o palácio também.

O professor explicou.

Aqueles três quadros representam a visão que ele tem do Palácio da Ajuda. É amigo da Conservadora. Pediu-lhe autorização para lá ir passar umas horas para observar. E depois meteu o que viu naqueles quadros. Para ele o Palácio da Ajuda é um labirinto colorido. Também se referiu á exposição da Joana Vasconcelos que agora lá está e recomendou-nos que a fôssemos ver. Nos quadros dele está o Palácio ainda sem a impressão das obras da Joana.

Hoje fico por aqui. Quando a Professora Odete Silva nos fizer uma visita guiada farei um apontamento sobre ela.

Um dos quadros da Prof Odete Silva expostos na SNBA

O Senhor Silva que se segue é Américo Silva com obras de Design, Gravura e Fotografia. E vai lá estar até meados de Junho.

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