terça-feira, 21 de julho de 2015

Viagem à Terra Santa em 2014 - 21. Em 2 de maio. O regresso a casa.

21. O regresso a casa

No fim do apontamento anterior estávamos a caminho do aeroporto internacional Ben Gurion de Tel Aviv. Àquela hora não havia muito trânsito e o percurso, de cerca de 20 kms, fez-se em mais ou menos meia hora.

O motorista apressou-se a retirar as bagagens. Depois foram as despedidas. Todos os companheiros do grupo lhe quiseram dirigir umas palavras amigas.

Lembro-o como um homem humilde, profissional competente, disponível para ajudar. Relembro, em particular, as melancias que comprou juntamente com o guia palestiniano. E, sobretudo, o modo prudente e calmo com que geriu o incidente da pedrada no vidro na janela do autocarro quando vínhamos da Palestina para entrar em Jerusalém. Foi junto ao quartel da polícia que saboreámos as melancias enquanto ele tratava da burocracia da participação do acidente.

Entrámos no aeroporto orientados pelo guia Sebastião que nos conduziu para o local das formalidades do controlo de segurança. O P. Artur foi o primeiro a ser questionado e depois foi convidado a reconhecer e identificar todos os companheiros do grupo. Ao que se seguiu o interrogatório de cada um em particular com algumas perguntas vulgares. A jovem senhora que fazia o inquérito nem sequer parecia ligar muito às respostas. Fixava-se na observação do nosso rosto enquanto respondíamos. Fiquei com a ideia de que, assim, ela me conseguia ver por dentro.

Só depois de os interrogatórios terem terminado é que fomos orientados para junto dos guichets de check-in. Tivemos de fazer aí um compasso de espera. E talvez por estarmos aí de pé havia algum tempo, visivelmente cansados, um dos companheiros entrou em desespero e começou a gritar e a falar alto para a sua mulher. Ela humilde ia dizendo em tom baixinho, acalma-te, não tens tomado os comprimidos. O P. Artur aproximou-se e bastou a sua presença para que o nosso companheiro exaltado serenasse.

Chegou o momento da despedida do Sebastião, que todos consideraram merecedor do nosso reconhecimento. Excelente profissional, sem dúvida. Um adeus sentido e até um dia, quem sabe se até breve, Sebastião.

Seguiram-se as formalidades do check-in, do controlo dos passaportes e da segurança com o visionamento das bagagens de bordo no raio-x e a passagens no detetor de metais.

O aeroporto tem um grande círculo central a partir do qual se acede às diversas salas de espera, mangas e portas de embarque. À volta do círculo há lojas de bugigangas, recordações, bebidas e artigos de eletrónica. Tudo duty free. Acabei por encontrar aí os cartões para a máquina de filmar. Porém o preço, mesmo sendo duty free, não era compensatório em relação a Portugal.

A certa altura olhei para o relógio e verifiquei que era meia noite. Estávamos a entrar no dia 2 de maio. O embarque estava iminente, pois, segundo o horário, seria às zero e cinquenta e cinco.

E assim foi. Veio a chamada para o embarque, os passageiros apressaram-se a juntar-se à fila, e o balcão chamou os passageiros prioritários.

Chegou a nossa vez de entrarmos, e fomo-nos arrumando dentro do avião.

Embarque concluído e dadas as boas vindas pelo pessoal de bordo, foi feita a demonstração dos procedimentos de segurança.

O avião começou a mover-se e a dirigir-se para o ponto de descolagem. Passados poucos minutos estávamos no ar e a ganhar altura. Seguiram-se momentos de silêncio, com toda a gente sentada nos seus lugares. Muitos de olhos fechados, iam fazendo movimentos de lábios percebendo-se bem que faziam as suas orações. 

Atingida a altura considerada de segurança, o comandante disse algumas palavras de boas vindas e o pessoal de serviço na cabine levantou-se quase ao mesmo tempo e iniciou a sua azáfama de começar a servir o jantar. Muitos dos passageiros dispensaram-no e encostaram-se para dormir. Não tardei a fazer o mesmo.

Acordei quando estávamos a aterrar em Bruxelas.

Reparo que, nas viagens de regresso a casa, reduz-se a capacidade de observar e anotar pormenores. Por isso o desembarque em Bruxelas, a mudança de terminal e a viagem até ao Porto são ocorrências sem história.

E também a viagem de autocarro até Cucujães. Não fora as palavras simpáticas da despedida do P. Artur e o amigável e insistente convite de alguns companheiros para os visitarmos não teria nada para mencionar.

Aconteceu o mesmo com a viagem de carro até Lisboa. Na altura a distância pareceu maior. Mas hoje, na recordação, tem a importância do virar de uma página na leitura de um livro.

E veio a reunião familiar para o reencontro, para contarmos a viagem, entregarmos recordações. No passado tirávamos algumas fotografias e fazíamos uns slides e as pessoas pediam para os ver. E gostavam de ouvir as histórias que estavam por detrás de cada imagem.

Hoje, até nisto as coisas mudaram. Seria enfadonho entrarmos em grandes detalhes no relato. E mais enfadonho ainda seria tentar mostrar fotografias e vídeos. As pessoas já não estão recetivas a isso, em parte porque sabem que temos muitas horas de filme e muitas centenas, mesmo milhares de fotografias, e têm receio que as massacremos. De certo modo aplica-se aqui a teoria quantitativa do dinheiro. A escassez aumenta o interesse e a abundância redu-lo.

Foi por isso que escolhi a janela do dicforte para contar a minha viagem à Terra Santa. Podia tê-lo feito de seguida com intervalo de um ou dois dias. Mas não foi assim...

Tive muitos cliks e bastantes leituras. O número foi baixando, sinal de que o relato, do tipo história sem fim, se foi tornando cada vez mais desinteressante e enfadonho.

As minhas desculpas.

Para terminar e para que conste, deixo aqui a imagem do meu diploma de Peregrino à Terra Santa.

 
Muito obrigado a todos!

E agora é mesmo o
FIM!

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