quarta-feira, 16 de março de 2011

Panamá 2011 - As razões de uma viagem

O Panamá não seria um destino das minhas preferências para ir passar um dia de férias. Ainda me lembro bem dos tempos tumultuosos do fim do século XX, principalmente de um nome que, com má reputação, ficou conhecido à escala planetária: o General Noriega. Para mim o Panamá era um país de risco a que só iria por obrigação, profissional ou outra.

Mas no meu caso, não me ficaria bem dizer que fui lá obrigado. A verdadeira razão, há que dizê-lo, foi a necessidade de encontrar tranquilidade. E acho que alcancei o objectivo. Na verdade, com um filha lá, tendo na lembrança muitas referências negativas, não dormia descansado.

É certo que a tecnologia, com destaque para o Skype, aproximam as pessoas. Mas agora é diferente. Já conheço os sítios por onde a minha filha se movimenta e por onde faz as suas rotinas. Vi o ambiente e as pessoas. E, no fim, trouxe de lá mais paz de espírito.

Pensava que o sobressalto que sentia antes de lá ir era só meu, próprio de pai galo. Mas acho que é comum a todos os pais e mães que têm filhos nas mesmas circunstâncias. E que até é muito comum, pois uma boa parte da nossa "geração à rasca" tem de emigrar. A minha geração investiu as suas economias na educação dos filhos e eles agora estão "à rasca" ou porque não arranjam trabalho ou porque têm de emigrar para ganharem a vida, enfrentando o desconhecido. Os pais, no geral, ficam em sobressalto.

Durante a minha estadia no Panamá, tive a oportunidade de aí encontrar uma jovem, filha de um quase patrício amigo. E, na minha última ida à minha terra, senti o interesse que os seus pais tiveram em falar directamente comigo para ouvirem notícias dela. Já lhes tinha mandado uma fotografia do nosso encontro ma sisso não foi suficiente.

Fiquei comovido quando vi os olhos da mãe  marejados a ouvir-me fazer o relato do nosso encontro. Não tirou os olhos das minhas palavras. E, no fim, limpou umas lagrimitas, respirou fundo e disse simplesmente: "Agora fico mais descansada!".

Os pais são assim. Acredito que os meus amigos, quase patrícios (de Peraboa!!!), não tardarão a ir ao Panamá ver a filha. Pelo meu lado, acho que fazem muito bem. Eu próprio penso voltar para ver mais alguma coisa do que me ficou por ver desse bonito País, e, claro, para matar saudades da filha e do genro.

Em tempos, ouvi contar que um dia perguntaram a uma mãe que tinha muitos filhos, de qual é que ela gostava mais.  A pergunta foi fácil mas a resposta foi difícil. Mas ela deu-a. E disse que gostava de todos por igual. Contudo, preocupavam-na mais uma filha que estava doente e dois dos filhos que estavam ausentes pois tiveram que emigrar para terras distantes.

É assim a vida, Menina, o que é que se há-de fazer...

Com esta pequena nota emocional, concluo o relato da minha viagem ao Panamá.

1 comentário:

Billy disse...

Eu também gostei muito que tivessem vindo. Ainda bem que estão mais descansados. :)