domingo, 10 de março de 2013

Passagem de ano em Cabo Verde – 26. Epílogo.

Reservámos o último dia da nossa viagem de fim de ano a Cabo Verde para o relaxamento. Escolhemos, para isso, o Hotel Pestana Trópico por nos parecer que tinha as condições necessárias. Já lá tinha estado em 1998, quando era apenas Trópico e não Pestana, e guardei uma boa recordação dessa estadia. Os quartos são amplos e confortáveis. A piscina é espaçosa e bem cuidada. Os serviços de bar e restaurante são bons.





Estava um sol radioso e quente e a temperatura exterior era suficiente para nos permitir andar em fato de banho sem arrepios mas também sem sentirmos calor. Havia, é certo, lufadas de vento que revolviam tudo, fazendo com que os sacos de lixo parecessem balões a querer libertar-se dos caixotes. Mas mesmo assim estava-se bem num dos lados mais resguardados da piscina.


Estávamos nós e um casal francês, ele e ela já acima dos cinquenta, com duas crianças, menino e menina, que nos pareceram gémeas, o que se confirmou. Perguntámos se eram netos. E eles: não, são filhos, vieram já um pouco tarde, mas trouxeram-nos muita felicidade. E pareciam muito felizes. Acabámos por partilhar dois dedos de conversa. A certa altura a senhora veio dizer que lhe tinham dito na recepção que havia missa dominical na Igreja de Nossa Senhora da Graça, lá no Platô, e que ela tencionava ir lá sozinha porque o marido queria ficar com os meninos. Ainda pensei em oferecer-me para ir com ela em táxi partilhado mas tive receio de que a minha espontânea disponibilidade fosse mal entendida. E assim por ali fiquei a ganhar coragem para ir para a água o que não foi fácil. Mas contados um, dois, três lá estava eu e o que custa é começar. Afinal a água não estava assim tão fria. A certa altura dirigi-me a um senhor que estava de pé junto a um dos cantos da piscina. Ele estava vestido como os empregados do hotel e ia pedir-lhe um colchão para as cadeiras. Disse-lhe olá e perguntei-lhe se era da organização e ele disse também olá e não disse mais nada. Logo me pareceu estranha a sua resposta e encolhi-me no que respeita à intenção de lhe pedir o colchão. Ele continuou hirto que nem uma torre sem tirar os olhos de nós. Concluí que estava ali para vigiar.

Fui dar mais um mergulho e a seguir, porque já era a altura de irmos à bucha do almoço, fui para o duche da piscina com a ideia de me lavar ao ponto de já não precisar de usar o banho do quarto. Estava no chuveiro quando reparei que o vento levava salpicos de água para longe. Então vi que, sem querer, estava a borrifar um grupo de cavalheiros que estavam sentados no anel exterior do bar a poucos metros do meu duche. Fechei a torneira e pedi-lhes desculpa. É o vento, disse. O senhor que estava do lado de lá da mesa olhou para mim com ar compreensivo. Ao cruzarmos os olhares vi que era uma cara que eu conhecia. Pus a cabeça a rebobinar e localizei aquela imagem na TV do Viviplace, em Nova Sintra, na ilha Brava, quando, num dos dias que lá passei, me detive a ver o que dizia um senhor que preenchia o pequeno ecrã. E também aí ele me atraiu a atenção por me parecer uma cara familiar mas não consegui saber de onde. Talvez da faculdade, sei lá. Era o Dr. Jorge Fonseca, Presidente da República de Cabo Verde que, no ecrã do Viviplace, se dirigia ao País em mensagem de ano novo. No dia 6 de Janeiro, domingo, pelas onze horas da manhã, tomava o pequeno-almoço com amigos ou talvez estivesse a fazer uma reunião de trabalho no Pestana Trópico da Praia.

Senhor Presidente desculpe mais uma vez se o salpiquei com a água do chuveiro sem querer. A culpa não foi minha foi do vento.

A seguir informei as minhas companheiras de quem andava por ali e, quando fomos para o bar, sentámo-nos num cantinho mais afastado. Quando o Senhor Presidente saiu cumprimentou simpaticamente os empregados do hotel e os clientes presentes.

À noite fomos jantar no Restaurante Titi Sushilounge no Complexo Ondas do Mar, com os bons amigos Ana Marta e Zé e seus dois rebentos. Amorosos. Lindos. Simpáticos. Embora com ementa japonesa, o restaurante é explorado por um português que se desfez em amabilidades para connosco, tornando o seu estabelecimento numa aberta sala de convívio apresentando os clientes uns aos outros. Gostei do ambiente familiar que nos proporcionou. E mais. No fim preocupou-se em organizar o regresso dos clientes a casa, do tipo tu vais para tal sítio, podes levar fulano. E para nós arranjou-nos a boleia de um simpático casal que, no percurso, nos deu a conhecer o sumário da sua história de vida e que é que ele trabalha em Moçambique e ela em Cabo Verde e que, apenas de quando em quando, se encontram, ou lá em Moçambique ou cá em Cabo Verde.

O dia passou depressa e chegou a altura de arrumar a bagagem para, no dia seguinte bem cedinho, sairmos para o aeroporto. E assim foi. No dia sete de Janeiro, segunda-feira, estávamos lá a tempo e horas para as formalidades de embarque. Mais uma vez houve a cena da balança e da grelha de medidas para triagem da bagagem que pode passar ou não para bordo. Como não trazíamos nada pedimos aos funcionários para nos deixarem passar e avançamos. Eles, após alguma hesitação, lá nos deixaram seguir.

Eram onze horas e doze minutos quando levantámos voo. Durante uma boa parte da viagem distraí-me a ver a sombra do avião espelhada nas nuvens. Ora ficava mais perto e aumentava, ora se distanciava e diminuia, ora desparecia completamente. Mas quando estava mais perto era impressionante porque nos dava a sensação de irmos a esquiar sobre as nuvens.


Às treze horas e quinze minutos o comandante chamou-nos a atenção par vermos a ilha da Grã Canária.


Às quinze horas estávamos a aterrar em Lisboa.

Como sempre, na aproximação aproveitamos para tirar algumas fotografias aéreas da nossa linda cidade de Lisboa.




Post Scriptum - No Bom pano cai a nódoa – O bom pano é o hotel Pestana Trópico na cidade da Praia. A nódoa é o facto de, nos três dias que lá passámos, de 5 a 7 de Janeiro de 2013, nos quartos 202 e 206, não termos conseguido tomar um banho de água quente. Reclamámos, mais do que uma vez, junto da recepção, onde nos disseram que os nossos quartos estavam no fim do circuito da água e que tínhamos de abrir as torneiras e esperar. Muita água deixámos correr… para nada. Bastava que nos tivessem mudado para uns quartos mais próximos do início do circuito. Mas só vimos encolher de ombros. E mais uma nota negativa. Aplicaram-nos a mesma tarifa para um quarto duplo e um individual só porque foram marcados em momentos e por canais diferentes. O nosso desconforto foi grande e foi muita a água que correu, para nada. Como em Cabo Verde a água é um bem precioso, pedimos desculpa ao Povo Cabo-verdiano por este esbanjamento involuntário e inútil. E já agora uma nota positiva para o simplinho Hotel América. Quando chegámos a Cabo Verde foi lá que ficámos, uma noite apenas. E apesar de ser de madrugada tinham alguém à espera que logo correu ao táxi a ocupar-se das nossas malas e a levá-las até aos quartos. E tivemos direito a duche de água quente e a um bom pequeno-almoço. E pagámos um preço muito, muitíssimo inferior. E, no Pestana Trópico, só se ocuparam das nossas malas após o check in.

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