No apontamento anterior já estávamos sentadinhos à espera que o nosso bom P. Artur começasse a celebrar a missa no altar-mor da Basílica da Anunciação.
Como já tinha acontecido antes, alguns companheiros estavam preparados para acompanharem a celebração com cânticos. A homilia teria como tema a Anunciação, a disponibilidade total de Maria, embora ciente dos riscos que corria face aos costumes e às leis da época, em que o adultério era punido com o apedrejamento público até à morte.
Ainda antes de a celebração começar, passou em frente ao grupo um frade franciscano, homem ainda relativamente novo, trajado e calçado segundo os costumes da sua ordem religiosa. Parou uns momentos e disse em bom português Eu vou estar ali junto àquela janela para ouvir de confissão quem quiser.
Alguns companheiros aproveitaram a oportunidade. E, em certo momento, tocado não sei por que impulso, decidi também ir. E não dei o tempo por perdido. Eu nem sequer sabia que as confissões agora eram assim. Sentados lado a lado, junto à janela, olhando o exterior. O bom franciscano, com um leve sotaque de português falado por estrangeiro, estava mais interessado em falar do que em ouvir. Começou por me perguntar pelo nome e de onde é que eu vinha. E depois disse António quer acredite quer não este nosso encontro aqui e agora estava marcado há muito tempo. Por isso aproveite-o bem. Vejo que é um homem bom e o passado pouco interessa. O que interessa é o futuro. Saia daqui com um propósito bom que escolher e procure pô-lo em prática. E é tudo.
A verdade é que o bom frade falava do coração e as suas palavras vinham tocadas por um calor inexplicável.
O resto da missa foi o normal, sem histórias dignas de nota.
Acabada a missa, os nossos guias, por uma questão de oportunidade de horários, convidaram-nos a sair da Basílica e a seguir de imediato para a Igreja de José. Depois voltaríamos à Basílica para a vermos com mais tempo.
E assim aconteceu. Mas vou deixar a Igreja de José para o próximo apontamento e vou já dar nota do que vi na Basílica. É uma igreja ampla, de linhas modernas, de três naves, com lindas pinturas nas paredes da capela-mor e com painéis de azulejos nas paredes laterais.
Descemos depois à cripta, onde se encontra a Gruta da Anunciação com os restos arqueológicos dos diversos estratos que o tempo permitiu acumular. Mesmo junto à gruta está um altar que tem na frente os dizeres "VERBUM CARO HIC FACTUM EST", o que quer dizer, "AQUI O VERBO SE FEZ CARNE".
No fim da visita à Basílica o bom P. Artur chamou-nos a atenção para o livro aberto que é toda a fachada desta importante igreja, lendo e traduzindo os vários dizeres que a fachada contém.
No próximo apontamento apresentarei a Igreja de José.
Sem comentários:
Enviar um comentário