7. 1. O Local do Batismo
O dia 26 de abril começou
relativamente cedo, porque a jornada seria bem longa, pois atravessaríamos a Palestina no
nosso percurso para Jerusalém.
Depois do pequeno-almoço
entrámos no
autocarro para iniciarmos o nosso dia de trabalho turístico.
A primeira etapa seria até
ao Lugar do Batismo no Rio Jordão
(Yardenit). Já lá tínhamos almoçado no dia anterior. E, a
propósito, já falei dele e do
peixe de Pedro.
Hoje a ida a esse local tinha em vista entender melhor a sua
dimensão bíblica e recordar o
sentido do batismo.
Os doze quilómetros
entre Tiberias e Yardenit demoraram a percorrer cerca de um quarto de
hora.
Logo à
entrada, procurei localizar o painel de azulejos com as citações bíblicas em português, já que deve lá estar no vasto
conjunto das diversas línguas.
Mas não
consegui.
Como o pequeno anfiteatro junto à
água do rio estava desocupado, o nosso grupo instalou-se lá para que o nosso
P. Artur nos guiasse numa bem sentida recordação
do que deve ter sido o batizado de Jesus Cristo e, a partir daí, fazermos a
revivescência
do nosso próprio
batismo com a administração
da água do rio
sobre as nossas cabeças.
Isto foi assim para aqueles que preferiram, pois houve alguns companheiros que optaram
por ficar distanciados.
O bom P. Artur começou a ler a passagem bíblica de Mateus
sobre o batismo de Cristo. Porém, a certa altura, uma franja do grupo
ria às gargalhadas devido ao teatro que um casal de chineses estava a
fazer para tirar fotografias. Passou ele para a água
e ela ia disparando a máquina vezes sucessivas. Ele
levantava-se, molhava as mãos e baixava-se e ela ia disparando.
Numa das vezes em que se baixou, fê-lo com tanto entusiasmo que molhou o
rabo das calças, logo saindo da água
apressado a sacudi-lo com as mãos como se estivesse a afastar um
enxame de abelhas. A risota foi geral e hilariante e ele aproveitou para se ir sentar entre
o grupo e pôr os braços sobre duas das nossas companheiras para que a
sua mulher lhe pudesse tirar mais umas fotografias.
Uma vez acalmado o ambiente, o P. Artur continuou. Depois de ler o relato evangélico, proferiu a oração canónica de renovação das promessas do
batismo: Credes … Credes… Credes … ? Esta é a nossa fé …
E depois, aos que quiseram, administrou a água sobre as suas
cabeças.
Decorria a molha do nosso grupo e eis que, muito subtilmente, se
foi infiltrando uma senhora de aspeto oriental, diria chinesa, com a idade de
cerca de cinquenta anos.
De mãos
postas e cabeça
inclinada, silenciosa, inseriu-se na nossa fila e, chegada a sua vez, viu também a sua cabeça molhada, com o
pormenor de que agarrou as mãos
do P. Artur e lhas beijou repetidamente, enquanto derramava lágrimas abundantes, cujo
calor tocou bem fundo no sentimento do P. Artur, facto que ele não conseguiu
esconder, pois a sua voz estava muito emocionada quando se despediu da senhora.
Houve companheiras e companheiros que se descalçaram e se
aventuraram mais um pouco passeando nas águas.
O fundo estava escorregadio e, por segurança,
as pessoas apoiavam-se nuns varões
em ferro que existem ali para o efeito. Eu próprio
não resisti a
esta experiência,
tendo verificado que cardumes de peixes pequenos se aproximavam dos meus pés como se já os conhecessem há muito tempo.
O nosso ritual foi bonito mas simples, pois, ao lado, havia
pessoas vestidas com túnicas
brancas, que se alugam no local, e faziam o seu batismo inicial ou a sua
confirmação,
ou tão só a sua purificação, de acordo com
as suas crenças,
submergindo-se totalmente nas águas
do rio com a ajuda de uma outra pessoa, provavelmente um padre, um pastor, ou
outro tipo de entidade religiosa.
Começámos
a ser chamados para regressarmos ao autocarro, mas como de costume, passando
pela loja de venda de recordações.
Mal começámos
o regresso e já estava
a ser passado num ecrã
o filme da nossa cerimónia,
ao preço de 10
euros, tendo alguns companheiros aproveitado para o adquirir.
Para mim e para mais pessoas do grupo, estas lojas de souvenirs foram muito úteis durante a nossa peregrinação, nomeadamente para ir à casa de banho. Como estava muito calor, tínhamos de beber
muita água, pelo que éramos obrigados a
usá-las com
alguma frequência.
O próximo
destino prometia um céu
de experiências
espirituais pois era, nem mais nem menos, do que o Monte Tabor.
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