O período
do almoço no
Restaurante Ali Babá passou
depressa. Já tínhamos
sido dominados pela rotina e nem nos demos conta de que estávamos de novo a
viajar dentro do autocarro.
A sinalização
indicava que seguíamos
na direção do
Monte Scopus, que é o
ponto mais alto da cidade de Jerusalém.
Passámos à volta dele várias
vezes e conseguimos identificá-lo bem por ter no alto o campus da universidade
hebraica com uma torre alta com muitas antenas de telecomunicações
no topo. Fica a nordeste da cidade e tem oitocentos e vinte e seis metros de
altitude.
Foi possível,
nos momentos seguintes, obter algumas imagens da imponente muralha.
Depois
seguiram-se uns minutos por uma zona com menos prédios
e, pouco depois, passámos a circular por uma zona completamente
desabitada e quase desértica.
Apareceu depois uma indicação de que havia uma
barreira de controlo à
frente.
Passámos
sem darmos por ela.
Estávamos
na Cisjordânia
ocupada. E, alguns minutos depois, começaram a aparecer os primeiros prédios
da cidade de Betânia,
ou Al-Eizariya. É a terra de Maria, Marta e Lázaro, amigos de
Jesus, em cuja casa ele gostava de ficar de vez em quando. Fica a cerca de três quilómetros a leste da
cidade velha de Jerusalém
e do Monte das Oliveiras, ou quinze estádios,
como diz a Bíblia
(Jo. 11/18). Talvez, devido ao percurso que fizemos, pareceu-nos que ficava bem
mais longe.
É lá que se encontra o
túmulo de Lázaro e todo um
complexo arqueológico
de pedras e construções
carregadas de história.
E muito
mais.
Há muitas
crianças
cheias de vida e de esperança.
Há comércio com as suas
muitas lojas coloridas. Não
falta um camelo logo à entrada para proporcionar uma
voltinha a quem gosta e não
tem medo de cair lá de
cima.
Betânia
é mencionada
na Bíblia várias vezes. As duas
mais importantes são
a propósito da
ascensão de
Cristo aos céus
e da ressurreição
de Lázaro.
"Depois levou-os até
junto de Betânia
e, erguendo as mãos,
abençoou-os.
Enquanto os abençoava
separou-se deles e elevava-se
ao céu. (Lucas
24/50).
A ressurreição
de Lázaro é contada por João (11:1-46). Jesus
mandou-o levantar-se e sair do túmulo
em que já estava
sepultado havia quatro dias, mesmo após a advertência
de que, após esses dias de enterramento, já cheiraria mal. Segundo a tradição, Lázaro teria na altura trinta anos e viveu outros trinta.
Betânia
é local de
peregrinação para
cristãos e muçulmanos, muito concorrido. S. Jerónimo
esteve lá no ano 490. Há vestígios de uma igreja do seculo VI. Li no
blogue “Sentir com a Igreja” que:
“Durante as cruzadas, o rei Fulk e a
Rainha Melisande compraram a aldeia de Betânia do Patriarca do Santo Sepulcro, em
1143, em troca de terras, perto de Hebron. Melisande construiu lá
um grande convento beneditino dedicado a Marta e Maria e reparou extensivamente
a igreja velha de Lázaro e dedicou-a a Maria e a Marta. E
também construiu uma nova igreja a oeste sobre o túmulo
de Lázaro, com uma torre fortificada. Depois da queda do reino
dos cruzados em 1187, as freiras foram para o exílio. A igreja nova do oeste foi
provavelmente destruída restando somente o túmulo.
A igreja do século VI e a torre ficaram de pé,
embora muito danificadas. Em 1347 foi lá construída a Mesquita de al-Uzair."
É oportuno voltarmos à
data de 1143 mencionada a acima, pois foi o ano em que D. Afonso Henriques
assinou o tratado de Zamora com o seu Primo Afonso VII, sendo considerada essa a
data da fundação de Portugal.
Encontrámo-nos
lá com um
grande grupo de cristãos
etíopes e com
um outro de Taiwan.
Este último
fez questão de
tirar um fotografia em conjunto com o nosso grupo. No fim trocámos
endereços de email com o líder
desse grupo, com a intenção de lhe enviar a fotografia que tirámos
conjuntamente. E ainda vou fazê-lo.
Entre os papelinhos de apontamentos acabei mais tarde por encontrar esse email.
A visita ao complexo arqueológico
valeu a pena. Há vestígios bem
conservados de um muito antigo lagar de azeite. Há
mosaicos bizantinos. Vestígios
de igrejas erguidas e destruídas
nas marés da
história, de bizantinos,
muçulmanos,
cruzados e muçulmanos.
O local está
entregue aos cuidados da Custódia
Franciscana da Terra Santa.
Para além
de tudo isto, há uma
moderna igreja, desenho do já
mencionado arquiteto da Terra Santa, Antonio Barluzzi, erguida nos anos
cinquenta do século
passado (1952-1955). Bem perto, está
uma outra igreja, sensivelmente da mesma dimensão, construída em
1965, que pertence à igreja
ortodoxa grega.
Foi na igreja católica
junto ao túmulo
de Lázaro que
o nosso guia P. Artur celebrou a missa no dia 28 de Abril de 2014.
O espaço é moderno e amplo e
muito bem iluminado através da cúpula, em vidro no topo e com diversas
pinturas na campânula que refletem a luz para o interior.
A decoração
é bastante sóbria, mas
suficientemente informativa. Salta logo à
vista o baixo-relevo em mármore
branco, delicadamente trabalhado, na bancada do altar onde foi celebrada a
missa, mostrando Lázaro
a levantar-se. E, na parede lateral do lado direito de quem entra, há
uma placa a informar que Paulo VI esteve ali em 4 de Janeiro de 1964.
E, a nós
portugueses, não
pode passar despercebida uma imagem de Nossa Senhora de Fátima guardada numa
redoma de vidro.
Faltou dizer que não chegámos a entrar no Túmulo de Lázaro porque o acesso estava vedado ,alegadamente por motivo de obras de manutenção.
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