sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Viagem à Terra Santa em 2014 - 9. Em 28 de Abril. Em Jerusalém. 9.7.

 9.7. Na Betânia de Lázaro

O período do almoço no Restaurante Ali Babá passou depressa. Já tínhamos sido dominados pela rotina e nem nos demos conta de que estávamos de novo a viajar dentro do autocarro.

A sinalização indicava que seguíamos na direção do Monte Scopus, que é o ponto mais alto da cidade de Jerusalém.
 
 
Passámos à volta dele várias vezes e conseguimos identificá-lo bem por ter no alto o campus da universidade hebraica com uma torre alta com muitas antenas de telecomunicações no topo. Fica a nordeste da cidade e tem oitocentos e vinte e seis metros de altitude.

Foi possível, nos momentos seguintes, obter algumas imagens da imponente muralha.
 
 
Depois seguiram-se uns minutos por uma zona com menos prédios e, pouco depois, passámos a circular por uma zona completamente desabitada e quase desértica.
 
 
Apareceu depois uma indicação de que havia uma barreira de controlo à frente.

Passámos sem darmos por ela.
 
 
Estávamos na Cisjordânia ocupada. E, alguns minutos depois, começaram a aparecer os primeiros prédios da cidade de Betânia, ou Al-Eizariya. É a terra de Maria, Marta e Lázaro, amigos de Jesus, em cuja casa ele gostava de ficar de vez em quando. Fica a cerca de três quilómetros a leste da cidade velha de Jerusalém e do Monte das Oliveiras, ou quinze estádios, como diz a Bíblia (Jo. 11/18). Talvez, devido ao percurso que fizemos, pareceu-nos que ficava bem mais longe.

É lá que se encontra o túmulo de Lázaro e todo um complexo arqueológico de pedras e construções carregadas de história.

E muito mais.

Há muitas crianças cheias de vida e de esperança.
 
 
 
 
Há comércio com as suas muitas lojas coloridas. Não falta um camelo logo à entrada para proporcionar uma voltinha a quem gosta e não tem medo de cair lá de cima.
 
 
Um pouco à frente, está uma banca com frasquinhos de areia com diversas camadas, de cores diferentes. E, atrás da banca, está o IHAB faroun que vende os frasquinhos como recordação, gravando, em cada um deles, os nossos nomes ou a dedicatória que quisermos, se couber, claro. Muito simpático este rapaz fez questão de tirar uma fotografia connosco. E pediu para a colocarmos no facebook.


Betânia é mencionada na Bíblia várias vezes. As duas mais importantes são a propósito da ascensão de Cristo aos céus e da ressurreição de Lázaro.

"Depois levou-os até junto de Betânia e, erguendo as mãos, abençoou-os. Enquanto os abençoava separou-se deles e elevava-se ao céu. (Lucas 24/50).

A ressurreição de Lázaro é contada por João (11:1-46). Jesus mandou-o levantar-se e sair do túmulo em que já estava sepultado havia quatro dias, mesmo após a advertência de que, após esses dias de enterramento, já cheiraria mal. Segundo a tradição, Lázaro teria na altura trinta anos e viveu outros trinta.

Betânia é local de peregrinação para cristãos e muçulmanos, muito concorrido. S. Jerónimo esteve lá no ano 490. Há vestígios de uma igreja do seculo VI. Li no blogue Sentir com a Igreja que:

Durante as cruzadas, o rei Fulk e a Rainha Melisande compraram a aldeia de Betânia do Patriarca do Santo Sepulcro, em 1143, em troca de terras, perto de Hebron. Melisande construiu lá um grande convento beneditino dedicado a Marta e Maria e reparou extensivamente a igreja velha de Lázaro e dedicou-a a Maria e a Marta. E também construiu uma nova igreja a oeste sobre o túmulo de Lázaro, com uma torre fortificada. Depois da queda do reino dos cruzados em 1187, as freiras foram para o exílio. A igreja nova do oeste foi provavelmente destruída restando somente o túmulo. A igreja do século VI e a torre ficaram de pé, embora muito danificadas. Em 1347 foi lá construída a Mesquita de al-Uzair."


É oportuno voltarmos à data de 1143 mencionada a acima, pois foi o ano em que D. Afonso Henriques assinou o tratado de Zamora com o seu Primo Afonso VII, sendo considerada essa a data da fundação de Portugal.


Encontrámo-nos lá com um grande grupo de cristãos etíopes e com um outro de Taiwan.
 
 
 
 
 Este último fez questão de tirar um fotografia em conjunto com o nosso grupo. No fim trocámos endereços de email com o líder desse grupo, com a intenção de lhe enviar a fotografia que tirámos conjuntamente. E ainda vou fazê-lo. Entre os papelinhos de apontamentos acabei mais tarde por encontrar esse email.

A visita ao complexo arqueológico valeu a pena. Há vestígios bem conservados de um muito antigo lagar de azeite. Há mosaicos bizantinos. Vestígios de igrejas erguidas e destruídas nas marés da história, de bizantinos, muçulmanos, cruzados e muçulmanos.

 
 
 
 
E, claro, há o túmulo de Lázaro.

O local está entregue aos cuidados da Custódia Franciscana da Terra Santa.

Para além de tudo isto, há uma moderna igreja, desenho do já mencionado arquiteto da Terra Santa, Antonio Barluzzi, erguida nos anos cinquenta do século passado (1952-1955). Bem perto, está uma outra igreja, sensivelmente da mesma dimensão, construída em 1965, que pertence à igreja ortodoxa grega.

Foi na igreja católica junto ao túmulo de Lázaro que o nosso guia P. Artur celebrou a missa no dia 28 de Abril de 2014.
 
 
O espaço é moderno e amplo e muito bem iluminado através da cúpula, em vidro no topo e com diversas pinturas na campânula que refletem a luz para o interior.
 
 
 A decoração é bastante sóbria, mas suficientemente informativa. Salta logo à vista o baixo-relevo em mármore branco, delicadamente trabalhado, na bancada do altar onde foi celebrada a missa, mostrando Lázaro a levantar-se. E, na parede lateral do lado direito de quem entra, há uma placa a informar que Paulo VI esteve ali em 4 de Janeiro de 1964.

E, a nós portugueses, não pode passar despercebida uma imagem de Nossa Senhora de Fátima guardada numa redoma de vidro.

 
 
Faltou dizer que não chegámos a entrar no Túmulo de Lázaro porque o acesso estava vedado ,alegadamente por motivo de obras de manutenção.

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