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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Viagem à Terra Santa em 2014. 9. 28 de Abril. Em Jerusalém. 9.2.

9.2. A Igreja do Pai Nosso

Saímos da Igreja da Ascensão e seguimos a pé para a Igreja do Pai-Nosso, a poucos minutos de distância.

Assim, após um curto passeio, deparámos com um muro com uns quatro a cinco metros de altura e bastante extenso. Apareciam por detrás dele, algumas copas de ciprestes.

Fomos conduzidos para uma porta que tinha gravada, por cima, a palavra PATERNOSTER. Ao lado, em azulejo, estava a palavra ELEONA, que, na sua raiz grega, significa das oliveiras.
 

Entrámos e vimos um espaço amplo, a um nível inferior, para o qual descemos por uma rampa em forma da letra u, ladeada de roseiras floridas, de pequenos arbustos decorativos e de ciprestes.
 

O espaço está murado e tem, em toda a sua extensão, retângulos de azulejos com as inscrições do Pai Nosso em mais de setenta idiomas.

Logo senti a curiosidade de ir ver onde estava o painel com o Pai Nosso em português. Não foi difícil, pois uma das companheiras já o tinha localizado e indicou-me qual era. Detive-me por uns instantes a ler a oração na nossa língua. Com surpresa minha, está numa versão bastante antiga que, de imediato, me trouxe a recordação dos meus pais, pois era a versão que eles rezavam e que me ensinaram.
 
 
O meu pai, quando se deitava, rezava sempre Um Padre Nosso pelas almas das nossas obrigações. E, a certa altura, dizia perdoai- nos as nossas dívidas assim como nos perdoamos aos nossos devedores. Herdei o costume de rezar o Padre Nosso pelas almas das nossas obrigações, mas não consigo passar sem dizer a versão moderna das ofensas e de quem nos tem ofendido.
 
 
Visto o pátio e o claustro, fomos encaminhados para uma porta que dá para uma gruta que tem gravados por cima os seguintes dizeres latinos: SPELUNCA IN QUA DOCEBAT DOMINUS APÓSTOLOS IN MONTE OLIVETI (Lugar em que o Senhor ensinava os Apóstolos no Monte das Oliveiras).
 

É uma gruta bastante ampla que tem uma janela gradeada para um pequeno recanto onde está a indicação de que é espaço privativo das freiras carmelitas.

Como de costume, o P. Artur leu os trechos bíblicos relacionados com o local, após o que nos convidou a cantarmos o Pai Nosso. Embora o começo fosse titubeante e desafinado, logo foi encontrada a sintonia e a oração saiu com um calor redobrado bem sentido nas nossas mãos que se espertavam umas às outras.

 
Também por aqui andou Santa Helena, mãe do imperador Constantino, que em 326 da nossa era mandou construir uma igreja a que chamou ELEONA. No tempo das cruzadas, a igreja foi reconstruída três vezes, mas acabou por chegar aos nossos dias destruída.  O espaço foi comprado no século dezanove por uma nobre senhora francesa que o doou ao seu país para o preservar como lugar santo. Foi essa senhora, a princesa de La Tour d'Auvergne, que entre 1868 e 1872 fez construir a igreja anexa ao local, juntamente com o atual mosteiro Carmelita.
 

Todo o espaço se encontra bem cuidado.  Apreciei a quantidade e variedade policroma das roseiras que libertavam para o meio ambiente um discreto perfume, aliás muito agradável.
 

Em 1920 foi restaurada a gruta do Pai Nosso. Porém a igreja antiga, que cobriria o espaço atualmente a céu aberto, nunca chegou a ser restaurada, embora haja planos para isso, que, ao que me disseram, aguardam que sejam reunidos fundos suficientes.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Viagem à Terra Santa em 2014 - 9. Em 28 de Abril. Em Jerusalém - 9.1.

9.1. O local da Ascensão

A manhã de 28 de abril de 2014 começou com as rotinas próprias de um dia de turismo em grupo. O morning call, o pequeno-almoço, a reunião no autocarro. Tudo normal. Apenas reparei numa novidade. O vidro do autocarro que havia sido partido por uma pedrada de garotos quando vínhamos do Norte estava finalmente reparado.

Seguiu-se uma jornada de intensa atividade turística com passagem breve por alguns dos lugares santos de referência junto a Jerusalém, fora das muralhas.

Começámos por ser conduzidos para o cimo do Monte das Oliveiras. Já lá tínhamos estado para observar a Cidade Santa. E até descemos o Monte a pé. Mas agora o objetivo era visitar dois lugares santos qua aí se encontram, bem perto do miradouro com vista sobre a cidade e próximos um do outro: o lugar da Ascensão e a Igreja do Pai Nosso.

Curiosamente, ao procurar num guia turístico a Igreja da Ascensão, o índice não me respondeu por esse nome, mas sim por Mesquita da Ascensão. Fiquei interessado em saber a razão do nome mesquita.

Ao chegarmos ao local deparámos com um espaço amplo, cercado por um muro alto. No meio do espaço está uma pequena capela. É essa a capela da Ascensão.






O chão do espaço é de lajes de pedra e está limpo e bem conservado. Observando melhor, vemos junto ao muro circundante, em diversos pontos, várias bases de grossas colunas de pedra o que dá a entender que ali já existiu uma grande igreja.



Por detrás do muro, no lado esquerdo de quem entra no espaço, aparece o minarete alto de uma mesquita.



Na verdade o espaço onde está a capela da Ascensão faz parte da mesquita e está sob administração muçulmana, que, em certas datas e sob determinadas condições, autoriza a realização de atos de culto a outras religiões, nomeadamente à católica romana.

Dentro da capela há um pequeno retângulo no chão delimitado por uma moldura de pedra, onde é visível uma pegada humana gravada na rocha que os crentes aceitam como sendo de Jesus Cristo e junto da qual usam deixar velas acesas, papelinhos com votos ou donativos em dinheiro.




A história do local como memorial da Ascensão remonta aos primeiros tempos do cristianismo. E, cerca de 390, foi ali construída uma imponente basílica financiada por uma rica mulher romana. Esta basílica foi destruída em 614 pelos persas sassânidas. Foi mais tarde reconstruída e pouco tempo depois novamente destruída. Chegaram os cruzados que a reconstruíram novamente. Mas chegaram os muçulmanos de Saladino que a voltaram a destruir, deixando apenas a estrutura octogonal existente, com cerca de doze metros por doze.
 
O local e terrenos adjacentes foram adquiridos por emissários de Saladino em 1198 e, desde então, mantêm-se como propriedade muçulmana, fazendo parte do complexo da mesquita. O local abre para visitas do público durante um horário anunciado no local e nos guias turísticos. Por cima da porta de entrada estão indicados os números de telefone para marcação de visitas.

Dentro da capela pudemos ouvir o P. Artur a ler os textos bíblicos que descrevem a Ascensão de Cristo.

Conta Marcos que, após a ressurreição, Jesus se manifestou aos onze quando estavam à mesa. Disse-lhes então para irem por todo o mundo e pregarem o evangelho a toda a criatura.

Por seu lado, Lucas diz que Jesus conduziu os discípulos até Betânia, no Monte das Oliveiras, e, levantando as mãos, os abençoou. Enquanto os abençoava ia-se afastando deles e foi elevado ao céu. E eles, tendo-o adorado, voltaram para Jerusalém com grande alegria.

Também os Atos dos Apóstolos descrevem o mesmo fenómeno. Após se referirem à instrução dos discípulos concluem: tendo dito estas coisas, foi Jesus elevado à vista deles e uma nuvem o recebeu e ocultou aos seus olhos. Apareceram então dois homens vestidos de branco a dizer-lhes que aquele Jesus que, de entre eles, foi elevado ao céu virá um dia do mesmo modo que o tinham visto partir.

O ponto alto da nossa visita ao local foi quando o nosso grupo, em coro, cantou o ide por todo o mundo e anunciai a boa nova. Foi emocionante ver o entusiamo de alguns dos nossos companheiros que, como já tinham feito noutros lugares, enchiam bem os pulmões para cantarem. Até parecia que queriam que as suas vozes ficassem gravadas nas pedras à volta e aí ecoassem para sempre.

O local é também venerado pelos muçulmanos. Para eles, Jesus Cristo é um profeta e acreditam também que foi ali que ele ascendeu aos céus.

Após a visita, saímos do espaço muralhado e descemos a avenida a pé até à igreja do Pai Nosso.

domingo, 22 de junho de 2014

Viagem à Terra Santa em 2014 – 6. Dia 25 de Abril, em Tiberias. 6.4.

6.4. Igreja do Primado

Já mencionei que, na margem direita do mar da Galileia, em localidades não muito distantes umas das outras, aconteceram alguns dos factos mais importantes da vida pública de Cristo. Por isso, num só dia, pudemos visitar e lembrar vários episódios muito significativos para os que professam o cristianismo.

No último apontamento, contei como foi a vivência do passeio de barco pelas águas serenas do Lago Tiberíades. Depois do passeio, mal entrámos no autocarro, o nosso guia Sebastião informou que iríamos ver o local onde Cristo instituiu o papado. Aí existe uma pequena igreja conhecida por Igreja do Primado, Igreja da Mesa de Cristo (Mensa Christi) e Igreja da Pesca Milagrosa.

A viagem desde o local em que estava o barco que nos transportou no passeio até à Igreja do Primado é relativamente curta. Mal deu para o guia Sebastião explicar o que era a Igreja do Primado.

Os autocarros parqueiam num espaço a eles reservado em forma de um grande círculo. Os peregrinos e visitantes vão pelo seu pé por uma passagem pedonal que desce a colina até ao mar. Essa passagem não é muito larga e está ladeada por grades de ferro de ambos os lados. Há árvores que dão sombra ao percurso tornando-o mais agradável. Não é muito extensa essa via. Tem talvez umas três centenas de metros.



A certa altura há, no lado direito de quem desce, um painel que pode passar despercebido a muita gente por não o verem ou por o tomarem por um simples cartaz publicitário e, por isso, não merecedor de atenção.

Acho que valeu a pena ter parado uns minutos para fotografar e filmar esse painel.

É que nele estão as imagens e brasões de todos os papas, desde S. Pedro até ao nosso bom Papa Francisco. É uma mão cheia de pequenas imagens. Francisco está no cantinho direito da fila rentinha ao chão. Segundo os livros ele e é o número 266.







Após vermos este painel, seguimos mais umas dezenas de metros até à Igreja da Mensa Christi. É uma pequena igreja em pedra escura de basalto, mesmo junto ao mar. Logo nos apercebemos de que há muitas pessoas que se molham nas água do Lago, andando descalças com alguma dificuldade numa areia preta, grossa.



O Sebastião encaminhou-nos logo para a igreja, deve ter agendado a nossa visita com o guardião franciscano para essa hora.



Sentamo-nos por uns minutos e o nosso bom P. Artur, pousando o seu livrinho no pódio das leituras, leu-nos a passagem bíblica em que Jesus proporciona a Simão Pedro e companheiros uma pesca milagrosa. E no seguimento da qual lhe diz Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja (Tu es Petrus et super hanc petram edificabo eclesiam meam). Este foi um momento alto para a igreja católica pois é nesse momento que é instituído o papado.



À entrada do altar mor da pequena capela, há uma rocha vedada com uma corda. À frente dessa rocha há uma pequena placa com a cruz de Jerusalém e com as letras MENSA CHRISTI (Mesa de Cristo). Os peregrinos inclinam-se perante essa rocha sagrada, tocam-na com as mãos ou beijam-na conforme a sua motivação.

Chegou o momento de irmos até à praia.

Num primeiro momento preferi observar os peregrinos que já lá estavam. Havia um homem de meia idade que, com a água até aos joelhos, fazia um inflamado discurso apostólico perante uma câmara de filmar profissional. Havia um grupo de jovens raparigas descalças e sentadas na areia com os pés na água e havia muita gente a filmar e a tirar fotografias. Muitos mais a olhar para as águas calmas do Lago. Eu, e mais uns tantos, dei-me ao trabalho de me descalçar e entrar na água e molhar as pernas até aos joelhos. Depois com as mãos não resisti a molhar a cara e a cabeça. É claro que não fiz isto apenas para a fotografia, mas também. E ela aqui está para documentar.



Senti-me estranhamente eufórico naquele local ao imaginar Cristo a fazer a primeira aproximação aos apóstolos. Não deve ter sido fácil àqueles homens simples deixarem a vida que tinham sem terem nada visível em troca. Apenas tinham uma promessa vaga de serem pescadores de homens. E de certeza que não se aperceberam logo do que isso queria dizer. Mudar de vida assim sem mais nem menos só me parece ter sido possível por virtude de uma enorme força persuasiva de Cristo.

Tentei observar e registar tudo e não me escapou uma placa castanha com letras brancas afixada perto da parede lateral, do lado do mar, da Igreja do Primado.



Lendo-a melhor verifiquei que tem um pequeno poema escrito em inglês e alemão e que tento reproduzir agora em português.

O murmúrio das ondas está a anunciar a hora,
A mais importante que alguma vez existiu.
O Senhor vai descer do céu de novo.
As árvores, as flores e a beleza da luz,
As ondas estão a chamar mais alto.
Clamam: "Está cumprida a promessa,
O dia do Senhor chegou.
Oh! Vem, vem de novo Senhor Jesus!"


Tive o privilégio de estar naquele local onde tudo parece elevado e rodeado de um suave perfume místico. Senti vontade de permanecer ali por mais tempo sem nada fazer. Só a olhar, a sentir e a pensar. Senti ensejo de remover a impossibilidade prática de trazer tudo aquilo comigo. Não o podendo fazer, apanhei uma mão cheia de pedrinhas que trouxe comigo e que guardo religiosamente.


Por estas escadinhas terão passado várias vezes Cristo e os Apóstolos antes e depois de pescarem no Mar da Galileia.