Por esta claraboia entra uma luz discreta na Gruta.
Também
se desce para a gruta por umas escadas de pedra, mas não tantas e tão largas como as do Túmulo de Maria. São apenas alguns os
degraus e mais curtos, ao ponto de não
podermos falar de uma escadaria.
Foi para nesta gruta que Jesus se recolheu no início da noite do seu
martírio. E
foi nesta gruta que se consumou a traição
de judas. Sou eu aquele que procurais, disse então
Jesus.
Nós
sentámo-nos
para assistir à missa
que iria ser celebrada pelo nosso bom P. Artur. Alguns dos nossos companheiros
fizeram um breve ensaio dos cânticos.
Algumas das nossas companheiras tinham colocado em cima do altar pequenos embrulhos com as recordações que haviam adquirido para que fossem benzidas no final da missa. Também lá estava o Menino Jesus, o nosso 36.o companheiro de que já falei em apontamentos anteriores. O frade franciscano retirou todos os embrulhinhos de cima do altar e colocou-os no chão em frente. Ainda pegou no Menino Jesus, levou-o até meio caminho do chão, mas olhou para ele e arrependeu-se. Entendeu que o Menino Jesus devia ficar no lugar que é tão dele, o altar.
No teto e nas paredes da gruta há
muitos sinais deixados por artistas e peregrinos que ali estiveram. Pequenas
marcas, quase sempre cruzinhas, ou desenhos e pinturas feitas provavelmente na época bizantina. Há uma inscrição em latim, que
parece ter sido avivada há não muito pouco tempo: Sustinete hic et vigilate Mecum. Ficai aqui e ficai vigilantes. E é sabido o que
aconteceu. Os discípulos
adormeceram.
Durante a missa houve o momento alto em que pudemos colocar no
altar, de viva voz, as nossas intenções.
Este momento teve o significado especial, diria mesmo comovente. Isto porque
porque pude ouvir que, por detrás
das palavras e da emoção
com que eram proferidas, havia histórias
ímpares e
situações que
a partir delas podiam ser imaginadas.
Este local, como outros lugares santos, sofreu as investidas das
várias gerações, que por razões diversas,
passaram pela Terra Santa. Mas tem a vantagem, sobre outros, de não ter sido alterado
significativamente.
Ao contrário
do que aconteceu com outros lugares santos, não
foi construída,
sobre esta gruta, nenhuma igreja. No entanto, ela própria é
suficientemente ampla, com cerca de cento e noventa metros quadrados,
dezanove por dez, para abrigar um grupo de quarenta a cinquenta pessoas que
podem assistir à missa
sentadas.
Há referências à disputa acérrima que a igreja
ortodoxa russa, que detém
o Túmulo de
Maria situado no espaço
contíguo e que
visitámos
antes de entrarmos no Gethzemani, fez sobre este local. E fez o mesmo em relação a outros locais.
Contudo, a Custódia
Franciscana dos Lugares Santos tem conseguido resistir.
Ainda bem que as relações
hoje são mais
pacíficas,
porque assim pudemos circular por ambas as zonas de domínio sem problemas.
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