Já falei,
noutros apontamentos, de Santa Helena, a mãe
do Imperador Constantino, a quem se deve a descoberta e preservação da quase
totalidade dos lugares santos.
Hoje o nosso percurso passa por duas capelas: uma dedicada à própria Santa Helena e
a outra conhecida por capela da Inventio Crucis. São perto uma da outra e situam-se ambas
dentro do complexo monumental do Santo Sepulcro.
No fim do apontamento anterior ficámos
a admirar a linda Cúpula
Catholikon na nave central da Igreja Cruzada. É
notório
que a pintura de Cristo que a decora tem cores ainda bastantes vivas e não escurecidas pelo
decorrer dos séculos.
De facto data de 1927. Nesse ano a cúpula
ruiu no seguimento de um forte terramoto e teve de então ser reconstruída na totalidade.
Encontrarmo-nos agora num compasso de espera. Aparentemente os
nossos guias aguardam pela oportunidade de podermos descer até ao local onde foi
descoberta e identificada a Cruz de Cristo. O espaço em que nos encontramos é conhecido por
"Os Sete Arcos da Virgem", onde se podem ver os restos de um pátio colunado do século XI. Nota-se
que estão a
decorrer obras de manutenção
no local. Aproveitei o tempo de espera para, de uma forma discreta, recolher um
pouco de terra existente no sítio
onde decorria a obra, para a trazer como recordação.
Já tinha umas
pedrinhas que recolhi no Rio Jordão.
Agora juntei-as com a Terra do Santo Sepulcro num frasquinho que guardo
religiosamente.
E chegou ordem de podermos avançar
para a capela da descoberta da Cruz.
Numa primeira etapa, descemos mais de duas dezenas de degraus até chegarmos à Capela de Santa
Helena. Como este espaço
está sob
administração
dos cristãos
arménios, eles
decidiram mudar-lhe o nome para Capela de S. Gregório,
o iluminado, que é o
seu patrono.
Cúpula da capela de Santa Helena
Chão da Capela de Santa Helena
Já perto da capela Inventio Crucis encontra-se este bonito quadro na parede do lado direito de quem desce.
Foi-nos referido, pelos guias, que aquela catacumba era uma
cisterna romana. E que foi lá
que, nas buscas que Santa Helena fez na colina do Gólgota e espaços mais próximos, foram
encontradas, três
cruzes em bom estado de conservação,
que logo foram associadas aos relatos bíblicos
de Cristo crucificado no meio de dois ladrões.
Persistindo a dúvida
em saber qual das três
cruzes tinha sido a de Cristo, Santa Helena lembrou-se de dizer aos seus
colaboradores que trouxessem enfermos e os pusessem em contacto com as cruzes.
Acreditava ela que a verdadeira Cruz de Cristo seria identificada a partir de
um milagre. E assim
aconteceu. Uma enferma, senhora da aristocracia local, ficou imediatamente
curada da sua grave doença
perante admiração
dos presentes, que logo passaram a venerar a Santa Cruz.
Hoje a Santa Cruz, depois de muito fragmentada, está espalhada pelo
mundo. E desde a descoberta feita por Santa Helena, inúmeras histórias e crenças surgiram pelo mundo tendo por referência a Santa Cruz
ou o Santo Lenho. Chegou mesmo a haver um comércio
de relíquias
da Santa Cruz, seguramente aumentado e não
correspondente ao volume da Cruz original mas sim ao de um indeterminável número de cruzes de
madeira.
Na atualidade, a
descoberta da Cruz é celebrada
todos os anos no dia 7 de maio, com uma procissão
de franciscanos que partem do Santo Sepulcro, assistem à missa na catacumba da descoberta da
Cruz celebrada pelo seu superior-geral na terra Santa, o Custódio, e regressam
também em
procissão ao
ponto de partida.
E, no dia 14 de setembro, é
celebrada uma outra festa, com idêntica
solenidade: a festa da exaltação
da Santa Cruz.
No dia anterior a
cada uma das festas, há
vésperas
solenes cantadas pela comunidade franciscana e outros religiosos e peregrinos
que se associam com marcação
antecipada.
Uma vez visitada a Capela Inventio Crucis, começámos a fazer o
percurso de regresso até
sairmos da Igreja do Santo Sepulcro pela mesma porta por que tínhamos entrado.
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