sexta-feira, 22 de maio de 2015

Viagem à Terra Santa em 2014. 10. Em 29 de Abril. Em Jerusalém. 10.6

10.6. Santa Helena e a Santa Cruz

Já falei, noutros apontamentos, de Santa Helena, a mãe do Imperador Constantino, a quem se deve a descoberta e preservação da quase totalidade dos lugares santos.

Hoje o nosso percurso passa por duas capelas: uma dedicada à própria Santa Helena e a outra conhecida por capela da Inventio Crucis. São perto uma da outra e situam-se ambas dentro do complexo monumental do Santo Sepulcro.

No fim do apontamento anterior ficámos a admirar a linda Cúpula Catholikon na nave central da Igreja Cruzada. É notório que a pintura de Cristo que a decora tem cores ainda bastantes vivas e não escurecidas pelo decorrer dos séculos. De facto data de 1927. Nesse ano a cúpula ruiu no seguimento de um forte terramoto e teve de então ser reconstruída na totalidade.

Encontrarmo-nos agora num compasso de espera. Aparentemente os nossos guias aguardam pela oportunidade de podermos descer até ao local onde foi descoberta e identificada a Cruz de Cristo. O espaço em que nos encontramos é conhecido por "Os Sete Arcos da Virgem", onde se podem ver os restos de um pátio colunado do século XI. Nota-se que estão a decorrer obras de manutenção no local. Aproveitei o tempo de espera para, de uma forma discreta, recolher um pouco de terra existente no sítio onde decorria a obra, para a trazer como recordação. Já tinha umas pedrinhas que recolhi no Rio Jordão. Agora juntei-as com a Terra do Santo Sepulcro num frasquinho que guardo religiosamente.


E chegou ordem de podermos avançar para a capela da descoberta da Cruz.

Numa primeira etapa, descemos mais de duas dezenas de degraus até chegarmos à Capela de Santa Helena. Como este espaço está sob administração dos cristãos arménios, eles decidiram mudar-lhe o nome para Capela de S. Gregório, o iluminado, que é o seu patrono.

Cúpula da capela de Santa Helena 
 
Chão da Capela de Santa Helena
 
 
 
Os nossos guias aproveitaram para nos contar a história do local. E quando um outro grupo regressou da capela da descoberta da Cruz, avançámos nós para lá, descendo ainda uns dez degraus até chegarmos a uma espécie de catacumba. Como todo o percurso é coberto e a descer, ficámos com a impressão de estarmos, de certo modo, a viajar para o interior do mundo.

Já perto da capela Inventio Crucis encontra-se este bonito quadro na parede do lado direito de quem desce.

Foi-nos referido, pelos guias, que aquela catacumba era uma cisterna romana. E que foi lá que, nas buscas que Santa Helena fez na colina do Gólgota e espaços mais próximos, foram encontradas, três cruzes em bom estado de conservação, que logo foram associadas aos relatos bíblicos de Cristo crucificado no meio de dois ladrões.
 
 
Persistindo a dúvida em saber qual das três cruzes tinha sido a de Cristo, Santa Helena lembrou-se de dizer aos seus colaboradores que trouxessem enfermos e os pusessem em contacto com as cruzes. Acreditava ela que a verdadeira Cruz de Cristo seria identificada a partir de um milagre. E assim aconteceu. Uma enferma, senhora da aristocracia local, ficou imediatamente curada da sua grave doença perante admiração dos presentes, que logo passaram a venerar a Santa Cruz.
 
 
 
 
 
Hoje a Santa Cruz, depois de muito fragmentada, está espalhada pelo mundo. E desde a descoberta feita por Santa Helena, inúmeras histórias e crenças surgiram pelo mundo tendo por referência a Santa Cruz ou o Santo Lenho. Chegou mesmo a haver um comércio de relíquias da Santa Cruz, seguramente aumentado e não correspondente ao volume da Cruz original mas sim ao de um indeterminável número de cruzes de madeira.  

Na atualidade, a descoberta da Cruz é celebrada todos os anos no dia 7 de maio, com uma procissão de franciscanos que partem do Santo Sepulcro, assistem à missa na catacumba da descoberta da Cruz celebrada pelo seu superior-geral na terra Santa, o Custódio, e regressam também em procissão ao ponto de partida.

E, no dia 14 de setembro, é celebrada uma outra festa, com idêntica solenidade: a festa da exaltação da Santa Cruz.

No dia anterior a cada uma das festas, há vésperas solenes cantadas pela comunidade franciscana e outros religiosos e peregrinos que se associam com marcação antecipada.

Uma vez visitada a Capela Inventio Crucis, começámos a fazer o percurso de regresso até sairmos da Igreja do Santo Sepulcro pela mesma porta por que tínhamos entrado.

Sem comentários: